Vá á feira do Livro, às Livrarias, às bibliotecas que emprestam livros e traga um livro.

Leve o livro para casa.

Leve o livro para a cama.

É sempre uma boa companhia. Quando lê, nunca está sozinho.

Mas primeiro dispa-o cuidadosamente do papel ou do saco de plástico que o envolve. Depois, pode demorar-se a apreciar a encadernação, acariciar a lombada, abri-lo lentamente, folheá-lo devagarinho até encontrar uma ilustração mais interessante, pode voltar ao principio, começar a lê-lo sem presas, entusiasmar-se e mesmo acabar de repente, com sofreguidão.

E pode começar de novo de uma maneira ou de outra. Um livro tem sempre algo de diferente a revelar, às vezes custa é descobri-lo.

Pode voltar a pegar-lhe no dia seguinte, todos os dias, até se cansar, que ele permanece sempre a seu lado.

Não precisa de fazer uma leitura segura: não é necessário pôr-lhe uma capa plástica para o proteger. As suas mãos podem sentir-lhe a textura, a suavidade, a qualidade do papel, o cheiro da tinta e o pior que pode acontecer-lhe é ficar seduzido para sempre.

Pode lê-lo em qualquer posição, de trás para a frente, de frente para trás ou mesmo começar pelo meio. O livro está sempre disponível para se entregar a quem o ama.

Talvez seja mesmo o primeiro a tê-lo, e então haja com mil cuidados, porque vai querer saborear esse momento raro de colher as primícias do seu conteúdo.

E também há-de querer lê-lo mais vezes.

Leve um livro para a cama.

Ler, às vezes, é quase tão bom como fazer amor.

Leve um livro para a cama, hoje, amanhã, sempre.

 

Henrique Barreto Nunes

 

sinto-me: irónica
publicado por MariaLua às 18:26