Saltei da açucena lilás para a rosa "grenat" e o céu povoou-se de perfumes seculares que encheram de energia os horizontes perdidos do teu sorriso. Então descobri que estou grávida de esperança num novo futuro e que tu estás lá...
Maria Lua
Saltei da açucena lilás para a rosa "grenat" e o céu povoou-se de perfumes seculares que encheram de energia os horizontes perdidos do teu sorriso. Então descobri que estou grávida de esperança num novo futuro e que tu estás lá...
Maria Lua
Faltou a luz em mim.
Mesmo assim dou-me ao luxo de mesmo às cegas tactear docemente o redondo da tua pele e encontrar círculos e espirais que esvoaçam perdidos de rumos.
E perco-me o resto do tempo na construção de formas geométricas perfeitas.
Às vezes descubro que os sentidos não são só cinco e divirto-me inventando tempos novos e solidões sem angústias: afinal chove lá fora mas ...
...o sol ainda brilha em mim e há luares felizes no meu canto.
Maria Lua
No mistério dos tempos duas rosas brancas nasceram no meu campo de papoilas vermelhas e eu fiquei à espera de ver surgir um roseiral. E sabeis? A esperança nunca morre. Às vezes adoece outras vezes escurece mas está sempre lá!
Sinto-vos amigos. Mesmo sem nunca ter visto o vosso corpo SINTO a vossa alma. estranho não acham? Ou será que não...
Maria Lua
"Não Compreendo a solidão que me vem de ti... Só sei do vazio que se alimenta dos teus silêncios. E doi-me a alma por tudo o que não foi. No entanto ainda guardo tesouros de espuma para te oferecer e segredos (muitos segredos) contados pela boca das nuvens. Mas os dias vão passando e tu vais amordaçando de correntes o meu canto. E eu sigo já em silêncio" (...)
P.S. Amo-te!
Maria Lua
O que é um louco? E onde está a pureza? Tive essa resposta e muitas outras numa viagem que fiz com minha mãe a sua terra. É realmente uma terra muito bonita, mas daquelas onde não acontece nada. (Isto pensava eu). Tive nessa altura conhecimento de uma história muito especial. (Pelo menos para mim, que dou valor a coisas simples). Nunca tive o prazer de falar com a pessoa envolvida. Vi-a apenas. E vibrei com a sua imagem, pureza e loucura. A história tem a ver com um suposto louco homem do povo, que com uma lesão cerebral qualquer, se tornou no simplório da terra, motivo de chacota e não levado a sério por ninguém. (Penso que todas as terras têm um). Este para mim tornou-se especial, quase o louco da minha alma. Nunca soube o seu nome, (se calhar ninguém nunca soube), pois ele não falava. Nesta história vou chamar-lhe Zé, como símbolo de povo e de português. O Zé tinha como profissão vender frascos de mel à porta da igreja da vila. Ali ficava muito tempo perdido no seu mundo e a pensar sabe Deus no quê. Olhava atentamente tudo e todos que o rodeavam. E sorria muito. Tinha um sorriso lindo e cheio de sol. Chamavam-lhe louco, mas ele tinha tempo de fazer duas coisas que a maioria dos humanos não faz: olhar as coisas e sorrir, nós vivemos sempre tão à pressa!!! Mas naquele dia aconteceu algo que impediu Zé de sorrir. Um cavalo desorientado vindo sabe-se lá de onde caminhou na sua direcção partindo-lhe todos os frascos de mel. Zé só teve tempo de fugir para dentro da igreja para não ser pisado também. Regressou momentos mais tarde e enfrentou aquela que para si foi uma profunda tristeza: Dos degraus da igreja e por entre cacos e mais cacos, escorria o seu precioso néctar que para um comum mortal para nada serviria. A primeira reacção de Zé foi chorar. As lágrimas caíram-lhe e a tristeza invadiu-o. Mas segundos depois Zé começou a rir à gargalhada, tão alto que muita gente da vizinhança até veio à janela para ver o que se passava. E para surpresa das surpresas, despiu a sua velha camisola debotada e começou a colocar o mel no seu corpo como se de um bronzeador se tratasse. A assistência ria e devia estar a pensar como a loucura era imensa naquele homem. Mas para surpresa das surpresas, segundos depois, e após emitir uns estranhos sons, o seu tronco ficou repleto de abelhas que docemente e como que numa carícia lhe começaram a retirar pedaços do precioso néctar, não parecendo ter nenhuma espécie de temor perante Zé. As pessoas que antes gargalhavam, segundos depois ficaram mudas de espanto boquiabertas mesmo. O silêncio impôs-se naquele largo como que numa mortalha. O único ruído audível era o das abelhas na sua lida natural.
E eu questiono-me: será que nós os supostos não-loucos não teremos muito a aprender com o Zé? Nós que passamos a vida ocupados na nossa rotina e stress desgastantes, quase como robots segundo dizemos para ganhar a vida (eu acho que é mais para a perder...) e sem sequer ter tempo para reparar nas coisas bonitas que ainda nos rodeiam e olha-las com olhos de ver não seremos nós mais loucos do que Zé?
Maria Lua