ESTORIAS DE LUA

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Segunda-feira, 24 / 05 / 04

A Lenda de Macunaima

 

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O Sol era apaixonado pela Lua, mas nunca se encontravam. Quando o Sol se punha, era hora da Lua nascer... E assim viveram por milhões e milhões de anos... Uma enorme montanha, muito alta, repousa no meio dos imensos campos de Roraima. Em cima, um vale de cristais e um lago de águas cristalinas, os quais reservam para si os mistérios da natureza. Um belo dia, o Sol atrasou-se um pouco (eclipse) e o tão ansiado encontro aconteceu. Seus raios dourados refletiram, juntamente com os raios prateados da Lua, no lago misterioso... Nesse encontro, Macunaíma foi concebido! Macunaíma esperto, cheio de magias, teve como berço o Monte Roraima. Cresceu forte e tornou-se um índio guerreiro; os índios Macuxi o proclamaram herói da sua tribo. “A bravura desse homem não se mede pelas armas que usou, mede-se pelos feitos que o tempo projectou. Macunaíma era justiceiro. Havia, próximo à montanha, uma árvore diferente, misteriosa. A Árvore de Todos os Frutos. Dela nasciam, a banana, o abacaxi, enfim todas as frutas tropicais. Ninguém podia apanha-las! Somente Macunaíma colhia os seus frutos dividia-os entre todos, igualmente. Mas a ambição tomava conta da tribo. Assim, os índios desobedeceram, mexeram na árvore, arrancando-lhe todos os frutos e quebrando-lhes os galhos, para plantarem, pois, queriam mais árvores desse mesmo tipo. A Árvore Sagrada perdeu a sua magia e Macunaíma ficou furioso! Num gesto de justiça, queimou toda a floresta, petrificou a árvore e, amaldiçoando todos, ordenou que se fossem embora. Da imensa floresta verde, restaram apenas cinza e carvão. E, até hoje, em frente ao Monte Roraima, está a Árvore Sagrada, petrificada. Macunaíma, em espírito, repousa, tranquilo, no Monte Roraima.

 

(autor desconhecido)

 

publicado por MariaLua às 20:48
Quinta-feira, 20 / 05 / 04

"O Mercador de Coisa Nenhuma”-De António Torrado

 

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Contei há pouco esta história a um grupo de meninos sonhadores e foi muito bonito! Deixo-a convosco porque talvez vos ajude a dormir :) ou vos mantenha mais acordados (...)

 

Beijinhos grandes!

 

Maria Lua

 

 

 

"Era uma vez há muito tempo num pais exótico e longínquo um homem de nome Abdul-ben-Fari, que era comerciante de tapetes na cidade de Abjul. Vivia tranquilamente dos seus negócios, que lhe enchiam cada vez mais o cofre e lhe alegravam o coração. Era respeitado como um dos homens mais ricos da cidade e também, um dos mais felizes. Mas, num dos recantos do seu coração alegre (e não do seu cofre repleto), instalara-se um espinho de tristeza, que crescia e doía, às vezes. Abdul-ben-Fari tinha um filho, Racib, quase um homem feito. Muito o preocupava Racib. Preocupava-o e afligia-o. Que tristeza para Abdul-ben-Fari, quando espreitava o filho no armazém e o surpreendia a bocejar, sempre a contas com os infindáveis tapetes que era preciso desdobrar, escovar, limpar e voltar a dobrar, até que aparecesse um comprador que os levasse por mais do que eles valiam! Com que desgosto o pai de Racib via o seu único filho correr, mal fechava a loja, até à sombra de um jardim, para, de ouvido no chão, escutar o lento, progredir das raízes através da terra ou o erguer paciente dos caules em direcção à luz! E que estranha mania essa de contar as formigas de um carreiro, não sucedesse ter-se perdido alguma, desde a última vez que por lá passara ! E quem viu doidice igual à de se debruçar para dentro de um poço e pronunciar palavras sem fim, que o poço alongava, como uma boca cheia de ecos? -Alá quis que eu tivesse um filho de cabeça ao vento - lamentava-se Abdul-ben-Fari. - Que hei-de eu fazer? Mas os mestres de Racib tinham-lhe apreciado a inteligência, os vizinhos diziam-no bondoso e os clientes achavam-no amável. - Talvez não tenha grande jeito para o negócio de tapetes - observavam alguns. – Mas isso que importância tem??? Tinha muita importância, imensa importância na conta de Abdul-ben-Fari. Se ele não estivesse sempre atento, o filho era capaz de vender um belo tapete de Cari-a-Chab como se fosse um trapo de esfregar candeias. Ora isso tinha muita importância, pois então! Um dia, depois de muito matutar, Abdul-ben-Fari chamou Racib, deu-lhe uma bolsa de dinheiro para as mãos e disse-lhe: - Como me parece que não gostas deste negócio de tapetes, nem eu quero a minha ruína, toma este dinheiro para aplicares no negócio que preferires. Vai para outra cidade, faz o que achares conveniente. E daqui a um ano quero-te de volta com uma fortuna ganha por ti. Lá foi Racib para outra cidade, de outra terra. Como é que iria arranjar-se? Que fazer com aquela pequena fortuna? A bolsa com o dinheiro do pai pesava-lhe muito , mas ele não se decidia. - Talvez se eu vender água seja um bom negócio... No dia seguinte, encheu dois depósitos de água pura, transportou-os para uma das ruas mais movimentadas da cidade e começou a apregoar: - Quem quer gotas de água? Quem quer? A sua voz cristalina soava alegremente, no meio dos pregões gritados pelos outros vendedores, mas ninguém queria gotas de água. Quando se aproximavam possíveis fregueses para encherem uma bilha, um barril ou um balde, Racib avisava-os: - Quero que vejam a água a cair, gota a gota. Reparem como brilha ao sol uma única gota, vejam como se arredonda e se alonga até se desprender, deixando outra à espreita no seu rasto. E os círculos que abre ao cair... Os clientes que viviam todos muito apressados e só tinham ideias de dinheiro e ganância na cabeça queriam lá saber destes pormenores. E iam-se embora, resmungando: - Este rapaz não tem a cabeça no seu lugar! Nesse dia, Racib não fez negócio, nem no dia seguinte, nem nos outros dias. Talvez fosse mais feliz noutra cidade. E Racib correu muitas terras, tentando vender as gotas de água que ninguém queria comprar. - Vou mudar de negócio- decidiu , um dia. Carregou duas grandes caixas de areia fina para as portas de uma cidade e começou a apregoar: - Quem quer grãos de areia? Quem Quer? - Quanto pedes pelas duas caixas? – perguntou um homem que passava. - Só vendo um grão de cada vez, senhor. Repare que a areia, ao longe, parece cinzenta. Mas cada mão cheia contém um milhão de grãos todos diferentes, Eu tenho nestas caixas grãos azuis, pretos, amarelos, brancos e transparentes. Tenho grãos azulados, rosados alaranjados... de que cor quer? Mas o homem já se tinha ido embora, enfadado com aquele mercador de coisa nenhuma. Sim, era esse o nome que lhe davam nas cidades por onde passara: - Racib, «O Mercador de coisa nenhuma». Que valor tinham gotas de água e grãos de areia? Para que serviam? Ninguém gastava o seu rico tempo e o seu rico dinheiro a comprar artigos tão insignificantes. E a voz de Racib perdia-se como gota de água no meio do mar ou grão de areia no deserto. - Vou mudar mais uma vez de mercadoria. Instalou-se numa cidade, onde não era conhecido, e passou a vender sonhos. - Como fazes para ter sonhos à venda? – perguntou-lhe um grande senhor, que o ouvira apregoar. - Durmo , senhor – respondeu Racib. - Quem me dera conseguir dormir... – respondeu o senhor. – Há tanto tempo que não consigo dormir e tanta falta me fazem os sonhos! Conta-me um dos melhores sonhos que sonhaste – pediu o senhor. Racib contou um lindo sonho, uma longa história que começava no meio, voltava ao princípio e não tinha fim. - Conta-me outro- pediu o senhor, deliciado. Mais pessoas se tinham juntado à volta. Também elas queriam possuir um sonho só para elas, um belo sonho contado por Racib. Teve sempre a casa cheia durante muitos meses tendo por isso ficado muito rico. E quando estava a expirar o prazo de um ano, que o pai lhe tinha dado, montou o seu camelo e, segurando firmemente uma pesada bolsa cheia de dinheiro, tomou o caminho de casa. Só não chegou a casa do pai, rico como o mais rico dos mercadores da Arábia, da Pérsia e da Turquia, porque no caminho, embalado pelo andar pausado do camelo, adormecera, sonhara e, durante o sonho, abrindo as mãos, deixara escorregar a bolsa com o dinheiro, que se perdeu no deserto. Mas vós, que lestes esta história sabeis que ele conseguiu porque também sonhastes."

 

António Torrado

publicado por MariaLua às 15:51
Quarta-feira, 19 / 05 / 04

Ao Menino que fui (E que ainda guardo dentro)

 

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"Devo estar a ficar velho. E no entanto, sem que me dê conta, ainda me acontece apalpar a algibeira à procura da fisga. Ainda gostava de ter um canivete de madrepérola com sete lâminas, saca-rolhas, tesoura, abre-latas e chave de parafusos. Ainda queria que o meu pai me comprasse na feira de Nelas um espelhinho redondo com a fotografia de Yvonne de Cazlo em fato de banho do outro lado. Ainda tenho vontade de escrever o meu nome depois de embaciar o vidro com o hálito. Ainda caminho pela borda do passeio sem pisar os intervalos das pedras. Ainda me apetecia que o meu avô me viesse fazer uma festa à cama."

 

António Lobo Antunes, in Livro de Crónicas

 

 

Também do António Lobo Antunes e bem a propósito: " Não sou um senhor de idade que conservou o coração de menino... sou um menino cujo envelope se gastou".

publicado por MariaLua às 00:57
Sábado, 15 / 05 / 04

O Espelho

 

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"Olhando-me ao espelho, mergulhei na imagem nele reflectida. Através dos olhos da imagem entrei dentro do meu mundo interior. Vi ali outro "eu" falante, outra face, outro corpo... Quem era aquela que vivia no espelho? Todos os dias, ao despertar, olhava aquela imagem que não era minha. Desejava ser quem sou e sei quem sou, mas o espelho reflectia sempre aquela outra forma, um novo aspecto do ser que vivia em mim. Lutei, rebelei-me, neguei aquela imagem irreal. Enquanto a imagem se propagava saindo do espelho e reflectindo-se nos olhos de todos aqueles que me observavam. E a cada nova imagem plantada nos olhos dos observadores, uma crítica, uma ideia nova, errónea e certeira, ia-se formando a meu respeito. Saberiam eles na realidade quem sou?... Uma vez que a ideia se formava na mente dos observadores, era a imagem do espelho quem se materializava, era ela, só ela, quem vivia e era considerada por todos. Sufocada pela imagem, tentei adulterá-la, até tentei destrui-la. Entretanto ela reagiu, transformou-se e reflectiu a sua pior cara. Fiquei doente, sem mesmo me conformar: porque era ela mais poderosa que eu? E foi a olhar-me o espelho, com o sofrimento reflectido, que então compreendi: era toda a importância que eu lhe dava, que fazia dela um ser superior. "A forma e o reflexo se observam. Tu não és o reflexo, mas o reflexo és tu." (...)

 

publicado por MariaLua às 15:18
Sábado, 15 / 05 / 04

Ao meu muito querido: BRUNO "SOL"

 

 

 

Dedico este conto a ti Bruno que és um dos melhores contadores de histórias que conheço e ao contrário do "Sol" deste conto o teu não só não te cegou como faz crescer, florir e sonhar quem te escuta! Bem hajas! (Atenção pessoal: Têm de o conhecer um dia! :)

 

Maria Lua

 

 

O SOL

  

Antes de brilhar na magnificência de seu fogo, o Sol era uma pedra opaca, nascido das entranhas da Lua. Pouco depois de nascer, saiu disparado, cruzando a escuridão e cresceu. Primeiro virou cometa, depois estrela e, finalmente, se transformou em Sol. ofuscou o brilho da Lua, roubou a sua beleza, desfigurou o mito da mãe e ficou cego para sempre de tanto poder.

 

Isabel Aguirre Contos Fantásticos

publicado por MariaLua às 01:00
Quinta-feira, 13 / 05 / 04

Ser...

 

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Hoje deixo convosco um dos poemas mais bonitos que conheço do grande: Vinicius de Moraes.

 

Boa noite!

P.S. Tenho sentido a vossa falta

 

 Maria Lua

 

 

 

Ausência

 

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces Porque nada te poderei dar senão a tristeza de me veres eternamente exausto. No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz. Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado. Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado. Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face. Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada. Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite. Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa. Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço. E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado. Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos. Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir. E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas. Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

 

publicado por MariaLua às 23:57
Domingo, 09 / 05 / 04

O Lenhador

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publicado por MariaLua às 18:22
Domingo, 09 / 05 / 04

...

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publicado por MariaLua às 18:20
Domingo, 09 / 05 / 04

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publicado por MariaLua às 18:17
Quinta-feira, 06 / 05 / 04

SE EU PUDESSE...

 Após uns dias a receber os vossos comentários (os quais muito agradeço) conclui que se o mundo apenas fosse povoado por pessoas de coração aberto e ideias puras como vós não haveria razões para ter medo. Obrigada a todos os que ajudaram a construir este post. São para vós as minhas "gotas de lua"!

 

 

PS. Um abraço muito especial ao André pela bela declaração de amor à sua "mais que tudo" (ESPERO QUE ELA TENHA LIDO ISTO).

 

Maria Lua

 

 

Se eu pudesse...todos seríamos "iguais" (Fátima) Se eu pudesse mudava a forma como faço as coisas, a forma como penso. Pensaria 2 vezes antes de fazer as coisas que faço à minha nina. Deixaria de a magoar constantemente por coisinhas que a mim me parecem sem importância, mas que ela dá uma importância extrema. Mudaria a minha forma de ser, deixaria de ser tão egoísta... tomava consciência que nem toda a gente pode pensar como eu, que cada um reage às situações de forma diferente e que isso não pode ser mudado. Tomava consciência da realidade que me rodeia. Se eu pudesse... mudaria a relação com os meus pais, falaria mais com eles, sobre tudo! Afinal, são as pessoas que me amam do fundo do coração, as pessoas que me deram a vida, as que fazem sacrifícios por mim, as que se magoam por minha culpa. Deixaria de ser estúpido para com as pessoas que amo. Falaria o que sinto, não guardava o que se passa comigo, só para mim. Ficava a viver na mesma rua que todos os meus amigos, voltaria atrás no tempo para reviver momentos da minha vida! Tanta coisa.... Acho que nunca mais sairia daqui... Se eu pudesse... se eu pudesse... Se eu pudesse, queria continuar com a melhor pessoa do mundo, a pessoa que me dá mais alegrias do que qualquer outra... Amo-te muito Patrícia (André D) Se eu pudesse... saltava de nuvem em nuvem para tocar a Lua e libertava os sonhos... se eu pudesse... dava um colo a cada menino, o pão não faltaria na mesa, o trabalho e os estudos estariam presentes em cada casa e todos seriam presenteados com saúde, amor e felicidade. Se eu pudesse... os povos seriam unidos, não haveriam guerras e o mundo seria ainda mais bonito para se viver. (Enviado por g) Se eu pudesse mudaria a vida a todos o que gosto... Pelo menos de momento... (Rui Santos) SE EU PUDESSE... pintava a cidade de arco-íris! E voava de noite para cumprimentar a Lua! E transformava o Amor em água, para dá-lo de beber aos sequiosos (Ana) Se eu pudesse escreveria bem. (LetrasAoAcaso) Se eu pudesse, iria conhecer outros mundos (patinhas) Se eu pudesse fazia o mundo mais próximo... (Mano)

publicado por MariaLua às 00:23
Domingo, 02 / 05 / 04

SE EU PUDESSE...

 

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E continuo com a sugestão do post anterior... está a ficar lindo! Beijinhos para todos. Maria Lua

 

publicado por MariaLua às 16:58
Este é o lugar dos Contos e das imagens. Aqui estará SEMPRE no mundo da "Lua" onde é obrigatório SENTIR. Seja bem Vindo!

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