Há muitos anos, no tempo em que o teu pai andava na escola, num país muito distante vivia um povo infeliz e solitário, vergado sob o peso de uma misteriosa tristeza. O céu era alto e azul, os campos férteis, o mar e os rios cheios de peixes e de vida, as cidades quentes e luminosas, mas as pessoas que passavam entreolhavam-se com olhos tristes, caminhando apressadamente e sumindo-se dentro das casas; e quando se encontravam umas com as outras, nos cafés, nos empregos, na rua, falavam baixo, como se alguma coisa, um segredo terrível, as amedrontasse. Quem, vindo de outras terras, chegava ao Pais das Pessoas Tristes, não compreendia. As pessoas eram boas e afectuosas, e aparentemente só tinham motivos para ser felizes. Mas quando lhes faziam perguntas, as pessoas afastavam-se e não respondiam, ou mudavam delicadamente de assunto pedindo desculpa. (...)
Manuel António Pina in O Tesouro, Associação 25 de Abril
Existe sempre um momento de SOL nas palavras e um dia ele veio em forma de ASAS. Vamos CURTI-LO ???
Beijos para todos! Maria Lua