As estrelas são as flores do céu. Implantam-se em canteiros de luz como se fossem os olhos de Deus. E protegem-nos nas noites sem sono... algumas por vezes (as mais audazes) deslocam-se do céu e povoam a terra transformando-se em estrelas-do-mar. Mas quem espreitar bem e tiver amor suficiente no coração, mais tarde ou mais cedo conseguirá vê-las abrir as asas e regressar ao céu de volta ao seu lugar... Serão então as estrelas espiãs de Deus?
Maria Lua
Enquanto escrevia este post lembrei-me de uma história que um dia escutei e que agora costumo contar:
O Jovem e as estrelas-do-mar
Numa praia tranquila, junto a uma colónia de pescadores, morava um escritor. Todas as manhãs ele passeava pela praia, olhando as ondas. Assim inspirava-se e, de tarde, ficava em casa a escrever. Um dia, caminhando pela areia, viu um vulto que parecia dançar. Aproximou-se e viu que era um jovem, que apanhava estrelas-do-mar da areia, uma a uma, e as jogava ao oceano. - Tudo bem? – Disse-lhe o jovem num sorriso, sem parar o que estava a fazer. - Por que é que você está a fazer isso? – Perguntou o escritor, curioso. - Não vê que maré baixou e o sol está muito quente? Se estas estrelas ficarem aqui na areia, vão secar ao sol e morrer! O escritor achou bonita a intenção do rapaz, mas deu um sorriso céptico e comentou: - Só que existem milhares de quilómetros de praia por esse mundo fora, meu caro. Centenas de milhares de estrelas-do-mar devem estar espalhadas por todas essas praias, trazidas pelas ondas. E você aqui, nesta praia a jogar algumas de volta ao oceano, que diferença é que isso faz? O jovem olhou para o escritor, agarrou numa estrela na areia, jogou-a à água, e voltou a olhar para ele e dizendo: - Para esta, faz diferença. No dia seguinte, de manhã bem cedo, o escritor foi para a praia. O jovem apanhava as primeiras ondas do dia. Juntos, com o sol ainda suave, começaram a jogar estrelas-do-mar de volta ao oceano…