Num dia que poderia ser manhã, tarde ou noite, o poeta sentou-se no cimo de um rochedo e gritou: NÃO! ………………..…………………………………
Tinha decidido acabar com a sua vida pois todas as palavras haviam deixado de fazer sentido (e sentia-se a viver em sentido contrário, cheio de stops, lombas e pavimentos escorregadios).
O poeta sentia-se nu e vazio e com o coração cheio de frio e de ideias loucas e ocas e com o cérebro cheio de orelhas mocas e de bocas que já não diziam nada...O poeta voltou a gritar: NÃO!......................................................................
Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii…Tragam-lhe agasalhos e sonhos claros de manhãs primaveris, tragam-lhe as asas (que ele próprio escreveu) e um gineceu cheio de estrelinhas douradas que rompam nas madrugadas e lhe tragam o alívio às dores de que padece... tragam-lhe o verão e verão que ele nunca mais se esquece... Ahh… e tragam qualquer coisa que fique acesa e que traga na ponta uma porta presa para que ele sinta que existem sempre portas para abrir e locais para onde fugir e depois chorar e sorrir…………………………………….
O poeta descobriu que precisa descobrir e parir novas palavras como forma de nascer de novo…
Ah os poetas… esses loucos… usam as palavras como se fossem pasta de dentes e depois quando acham não há mais nada para "branquear" querem partir e fugir… e ruir….
Guardem-nos no peito óh gentes pois só as suas palavras vos permitem ser mais do que PALAVRAS…
Maria Lua