ESTORIAS DE LUA

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Domingo, 26 / 09 / 04

Efeitos Cénicos

 

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O pano fechou-se.E a sala está agora vazia. A peça de teatro de uma vida inteira acabou.  E a tal avó partiu para o lugar das aves felizes onde o tempo não acaba nunca e guarda consigo o rótulo da eternidade. Deixa cá em baixo uma enormidade de sentimentos, de vazios e de palavras por dizer (que neste momento me faltam e me transformam numa amnésica). Partilho convosco a minha dor e conto-vos um segredo: Tudo o que sei hoje da arte de contar contos devo-o a essa senhora que para mim foi a melhor contadora de histórias de sempre e como forma de homenagem aqui fica um conto:

 

 

 

O Vestido Azul

 

Num bairro pobre de uma cidade distante, morava uma menina muito bonita que frequentava a escola local. A sua mãe não tinha muito cuidado e a criança quase sempre se apresentava suja. As suas roupas eram muito velhas e maltratadas. O professor ficou penalizado com a situação da menina. "Como é que uma menina tão bonita, pode vir para a escola tão mal arranjada?". Separou algum dinheiro do seu salário e, embora com dificuldade, resolveu comprar-lhe um vestido novo. Ela ficou linda no vestido azul. Quando a mãe viu a filha naquele lindo vestido azul, sentiu que era lamentável que sua filha, vestindo aquele traje novo, fosse tão suja para a escola. Por isso, passou a dar-lhe banho todos os dias, a pentear os seus cabelos, a cortar as suas unhas. Quando acabou a semana, o pai tendo reparado na diferença da sua filha disse: "mulher, não achas que é uma vergonha que a nossa filha, sendo tão bonita e bem arranjada, more num lugar como este, caindo aos pedaços? Que tal você ajeitar a casa? Nas horas vagas, eu vou dar uma pintura nas paredes, consertar a cerca e plantar um jardim." Dias depois, a casa destacava-se na pequena vila pela beleza das flores que enchiam o jardim, e o cuidado em todos os detalhes. Os vizinhos ficaram envergonhados por morar em barracas feias e resolveram arranjar também as suas casas, plantar flores, pinta-las de novo e usar a criatividade. Em pouco tempo, o bairro todo estava transformado. Um homem, que acompanhava os esforços e as lutas daquela gente, pensou que eles bem mereciam um auxílio das autoridades. Foi ter com o presidente da câmara e expôs as suas ideias tendo saido de lá com autorização para formar uma comissão para estudar os melhoramentos que seriam necessários ao bairro. A rua de barro e lama foi substituída por asfalto e calçadas de pedra. Os esgotos a céu aberto foram canalizados e o bairro ganhou ares de cidadania. E tudo começou com um vestido azul. Não era intenção daquele professor consertar a rua toda, nem criar um organismo que socorresse o bairro. Ele fez o que podia, deu a sua parte. Fez o primeiro movimento que acabou por fazer com que outras pessoas se motivassem a lutar por melhorias.

 

Todas as pessoas têm uma missão na terra. Penso que a missão de minha avó foi a de transmitir contos, sonhos e imaginação (já que a verdadeira vida de sonho lhe foi roubada e nunca a deixaram ser criança). E agora mais do que nunca tenho a certeza de que quero continuar essa missão e continuar cada dia mais empenhada nessa minha profissão de contadora de sonhos e de segredos.

 

Até sempre "vó".

 

Maria Lua

publicado por MariaLua às 23:13
Quarta-feira, 08 / 09 / 04

CINZENTO...

 

 

 

 

 

As grandes dores são surdas, mudas e involuntárias... E Doem... (...) Perdi-me no CINZENTO! Por isso de momento não consigo vislumbrar o sol da minha vida... Entretanto "o tédio intromete-se no meio de todas as minhas palavras e não consigo prosseguir..." É uma especie de veneno mortifero (mas que tenho a certeza me fará renascer como a Fenix...) Vou partir para uma viagem interior, uma hibernação até reencontrar tudo o que de belo sei ainda ter dentro(...) PROMETO VOLTAR! Gosto muito de todos vocês por isso me ausento entendem??? Beijos grandes e obrigada por tudo. (Especialmente por me (re)acordarem!)

 

Maria Lua

 

publicado por MariaLua às 10:40
Quinta-feira, 02 / 09 / 04

SERÁ QUE TEMOS MESMO DE FICAR S.Ó.S PARA NOS REENCONTRARMOS???

 

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Existem buracos negros em todos os sítios onde ponho os pés, ou então são minas. Tenho medo. E tenho também medo que o mundo saiba que tenho medo. No entanto caminho e rodeio-me de sensações. São estas que me fazem sentir viva. Algumas músicas, cheiros e cores lembram-me momentos felizes que já vivi e dão-me a força suficiente para os querer repetir e viver tudo de novo. Tenho passado a vida tentando viver várias vidas ao mesmo tempo, talvez numa tentativa desesperada de me inclinar para uma. Mas agora cresci. Já não pretendo a excentricidade. Acho que fico mais feliz com a minha banalidade. Porque essa banalidade é mais calma e faz-me sentir mais eu. Momentos banais também têm a sua poesia e convertem-se facilmente em momentos mágicos, canções, cheiros e cores a recordar. E gosto disso. Entendo os outros nas suas vidas e afazeres. Cheiro-os, sinto-os e vivo-os como se fossem eu. Às vezes quando vou na rua e olho para uma janela da casa de alguém instintivamente ponho-me no lugar de quem lá vive e tento, naquele momento viver essa existência e isso dá-me um gozo tremendo. Já me chamaram louca. Rio-me. Acho que sou mesmo. Mas acho que não queria ser uma não louca... Os não loucos não vivem! Passam por cá única e exclusivamente para cultivarem as suas embalagens e as venderem em praça pública e eu não quero isso para mim nunca. Gosto de me sentir limpa e de viver à minha maneira e ficar feliz por isso. Quando a felicidade me sobra transbordo-a para os que amo e fazendo-os felizes faço-me feliz outra vez. E isto é magnífico. Partilho-me. Partilho-me muito, não concebo a minha existência sem isso. E foi perdendo-me várias vezes que descobri que a solução estava em mim. Um dia puxei-a para fora e respondi a todas as minhas perguntas sem resposta e agora aqui estou eu viva, para o que der e vier (...) Claro que também tenho os meus dias cinzentos mas no momento mais escuro, quando as nuvens cobrem completamente o azul do céu logo me surgem arco-íris (vindos sabe Deus de onde) que me preenchem a alma e me fazem continuar a caminhar. Por isso vos digo amigos: Por mais escuro que seja o túnel da vossa vida acreditem que existe sempre uma luzinha.

 

 

Maria Lua

publicado por MariaLua às 15:12
Este é o lugar dos Contos e das imagens. Aqui estará SEMPRE no mundo da "Lua" onde é obrigatório SENTIR. Seja bem Vindo!

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