ESTORIAS DE LUA

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Terça-feira, 29 / 06 / 04

Guardar a lua...

 

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Um dia esquecerei a lógica e serei mais sonho... e terei tempo de ver espraiarem-se na areia todas as ondas de um dia e ignorarei relógios e ficarei a sorrir ao sol escutando os sons de todos os meus buzios perdidos... então guardarei a lua no bolso e lança-la-ei nos olhos de todos aqueles que ainda querem sonhar..

 

  Maria Lua

 

publicado por MariaLua às 12:09
Domingo, 27 / 06 / 04

Numa tarde de Domingo...

 

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Estava eu aqui em casa sem nada fazer e com um calor abrasador, quando de um momento para o outro (e sem que eu nada fizesse) me saiu esta espécie de Lenga-Lenga que vos quero oferecer!!! Aqui vai:

 

1 Passo de dança

2 Sonhos guardados

3 Pássaros que voam

4 Cavalos alados

5 Penas de pavão para dar colorido

6 Fadas e seis gnomos

7 Amantes de coração partido

8 Mãos que se enlaçam

9 Crianças de coração puro

10 Muros derrubados

11 Promessas para um bom futuro

12 Sapos que príncipes são

13 Princesas por desposar (qual será a menos bela que não irá ao altar?)

14 Palácios dos contos

15 Histórias de encantar

16 Baús com tesouros e piratas a marchar

17 Belas açucenas

18 Jardins sem igual

19 Livros de poemas deste país: Portugal!

(20 Beijos para quem este post ler!)

 

Maria Lua

 

publicado por MariaLua às 20:01
Sexta-feira, 25 / 06 / 04

Ao Luis para que nunca perca o seu Sonho...

 

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"Era uma vez uma menina que pediu ao pai que fosse apanhar a lua para ela. O pai meteu-se num barco e remou para longe. Quando chegou à dobra do horizonte pôs-se em bicos de sonhos para alcançar as alturas. Segurou o astro com as duas mãos, com mil cuidados. O planeta era leve como uma baloa. Quando ele puxou para arrancar aquele fruto do céu se escutou um rebentamundo. A lua se cintilhaçou em mil estrelinhações. O mar se encrespou, o barco se afundou, engolido num abismo. A praia se cobriu de prata, flocos de luar cobriram o areal. A menina se pôs a andar ao contrário em todas as direcções, para lá e para além, recolhendo os pedaços lunares".

 

Mia Couto in: Contos do Nascer da Terra

 

Bom fim de semana para todos vocês com beijinhos da: Maria Lua

 

publicado por MariaLua às 10:49
Quinta-feira, 24 / 06 / 04

Sugestão de Leitura

 

 

 

 

A HISTÓRIA DE SULEIMAN de Álvaro Faria com ilustrações de António Casimiro, Guerra Conde, Inês Ramos, Alexandre Oliveira, Pedro Soares, Bruno Abreu e Inês Marques. "Atrás de uma história vem sempre uma história. As histórias são, por definição, relatos de uma perturbação, mas trazem com elas também alguma aprendizagem. Não admira, portanto, que cada narrador diga sempre "Que a paz esteja contigo". Cada homem é um livro e todos os livros são sequela uns dos outros, todos estão ligados pelo cordão umbilical da nossa imaginação e da nossa condição humana. Deitemo-nos então, à sombra da árvore mais próxima e escutemos a história do jovem que ainda ria, o aviso do velho triste, as palavras do caminho da água e, claro, a história do homem que era leitor. Álvaro Faria é ele próprio um homem das Arábias. Ele há o grande mestre de xadrez. Ele há o dramaturgo. O actor. E como se pode ver neste livro, o encantador de palavras. Ah, uma correcção: não é "Que a paz esteja contigo". O que lá está é: "Que a Paz esteja contigo e tu com a Paz". Rui Zink

 

ÁLVARO FARIA: Desde finais de 1973 que Álvaro Faria é profissional de teatro e artes afins: primeiro, apenas como actor; em seguida, também como encenador e autor; depois, igualmente como professor. De doze textos seus levados à cena (cinco dos quais em co-autoria), este é o primeiro a ser publicado. Foi também autor (nalguns casos, co-autor) de originais e adaptações para teatro radiofónico, textos para outros programas de rádio, dois livros de xadrez, argumentos para banda desenhada, guiões para dois documentários e uma curta-metragem, artigos para jornais e revistas, etc. Nasceu em 1954. Mas, a fazer fé no ditado chinês que diz que "um homem possui a idade da mulher de quem gosta", a sua tem oscilado bastante".

 

 

Espero que gostem da minha sugestão!

 

 

Maria Lua

publicado por MariaLua às 09:55
Quarta-feira, 23 / 06 / 04

Circulos com Vida

 

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Construimos diariamente a espiral da nossa vida enchendo-a de garra, energia, luta, desejos, e sonhos desfeitos mas a esperança fica sempre no fundo dos nossos olhos. é como um comentário que um dia ouvi a um mago do conto.

 

Dizia ele: "Quando nascemos vimos nus e vazios por dentro, à medida que vamos crescendo e construindo o nosso interior vamos preenchendo todos os espaços e morremos já cheios de histórias, de poesia e de sabedoria completando assim a espiral da nossa vida"

 

Maria Lua

 

publicado por MariaLua às 12:13
Segunda-feira, 21 / 06 / 04

O Lugar das Estrelas

 

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Às vezes as estrelas apagam-se e depois não há lugar para mais nada... a não ser para sombras" Acordar é a palavra mágica!

 

Beijinhos a todos e uma boa semana de trabalho!

 

Maria Lua

 

publicado por MariaLua às 13:00
Sábado, 19 / 06 / 04

O que é real?

 

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Estará a realidade no mundo real ou no mundo dos sonhos? Quando sonha consigo no mundo real não lhe aparecem sempre determinações e respostas? (...) É complicado ser é complicado sentir... no entanto é urgente reenventar formas de usar os sentidos ou o homem deixará de ser humano e passará a ser humanoide.

 

"O importante é estar. Não interessa por quanto tempo. Mas estar. Trocar experiências, partilhar, dar sorrisos ou dores que ensinam. Viver só durante o tempo certo com. Ou menos que o tempo certo, nunca mais. Senão abrem-se feridas incuráveis e começam as dores. Sentir. Usar os sentidos até á exaustão. Não fingir. Caminhar ao lado sem cair. Dar a mão e florir. Depois ou recordar com sorrisos e muito azul, ou cheirar o ar e corar. E desejar. Isso sim é viver. Ficar sem ser é tédio, não se "fica" parte-se sem rumo e para o vazio. " (...)

 

Maria Lua

 

publicado por MariaLua às 17:42
Quinta-feira, 10 / 06 / 04

A Menina Gigante - Manuel Jorge Marmelo e Maria Miguel Marmelo

 

 

 

"Esqueçam por instantes todas as histórias tristes com final feliz que leram e ouviram antes desta. Esqueçam, por favor, os patinhos feios, as princesas mal-amadas, as meninas ameaçadas por lobos terríveis, as crianças raptadas no mais cruel dos mundos. Esqueçam-nos, ainda que todos vos tenham feito sonhar e sorrir, que tenham embalado o vosso sono. Cada uma dessas histórias, vocês sabem, tratam de mundos fantasiosos, falsos, que não existem já e talvez não tenham existido jamais. Onde estão os castelos de fadas? E as bruxas? E os anões? Viram-nos? Claro que não; não existem. Esqueçam tudo isso, porque esta é uma história de verdade, sobre uma menina que talvez esteja sentada ao vosso lado, na escola, ou baloiçando, para lá e para cá, no baloiço desse parque onde agora tu estás. Esta é a história de Ana Grande".

 

(Manuel Jorge Marmelo e Maria Miguel Marmelo)

publicado por MariaLua às 15:59
Quinta-feira, 10 / 06 / 04

Os acordes do meu violino nas tuas mãos...

 

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Podiam ser acordes de um piano sedutor. Podia ser a voz rouca de uma guitarra, em afagos de fogo. Podia ser um cello caliente em quebrantos de maresia. Era tão só um violino e uma gaivota nos céus do Porto. Do outro lado da cidade, sempre junto ao rio, uma janela aberta à luz do Sol debruçava-se sobre os telhados ocres do casario que se amontoava numa cascata sanjoanina de cores e de sombras. E um parapeito de madeira, gasto pelos Invernos, esperava a música das tuas mãos, como diria o velho poeta... Por vezes, a gaivota não aparecia e o céu ficava menos azul. Outras tantas vezes, as quatro cordas do violino calavam-se e a cidade perdia-se no labirinto gritante e eufórico de si mesma. Só um vento árido reinava nesses dias, vindo de Leste - quando não chegava de Oeste - e apossava-se das almas apressadas. E era vê-las ainda mais em fuga, então... Ainda mais perdidas... Chegavas sempre à mesma hora, nos últimos meses, àquele parapeito gasto de madeira. Chegavas à hora mágica do entardecer, quando o céu do Porto se enternecia nos braços, já saudosos, do Sol e a cidade tonalizava-se de fogo e de púrpura... Chegavas sempre à mesma hora e, com os gestos decalcados da primeira vez, abrias as portadas da janela de par em par e deixavas entrar a luz, em tons de despedida, do Sol... Por fim, pousavas as tuas mãos, suaves, no parapeito gasto de madeira... À espera... O violino repousava no colo dela, sobre o vestido azul pincelado do entardecer que, teimosamente, entrava pelos vidros da janela fechada. O arco pendia da sua mão direita, em pose de abandono, quase tocando o chão e ela, de olhos fechados, escutava. A gaivota também. Naquele parapeito gasto de madeira, poderias ter criado um hábito se eu não vislumbrasse na música das tuas mãos um crescendo de ternura, um crescendo de sentires. Mesmo que a cada entardecer que passava a noite viesse mais depressa e o silêncio fosse cada vez maior. Uma lágrima de saudade deslizou pela face dela e as mãos tentaram apertar mais forte o violino. O arco tombou no chão, sem barulho, sem ressentimentos... Só a gaivota notou aquela mudança de cenário, naquele pequeno mundo de cores e de sombras, de música e de silêncios... Só a gaivota voltou o olhar para a cadeira de baloiço sob as cores do entardecer, já tingidas de noite também, para o violino, em repouso, sobre o azul do vestido, para aquele rosto estranhamente fechado, estranhamente enternecido, onde mais lágrimas deslizavam sem um vislumbre de dor. Só a gaivota notou as mãos abandonadas... Do outro lado da cidade, sempre junto ao rio, um parapeito gasto de madeira sentia a música das tuas mãos... Aquela música feita dos silêncios e sussurros da tua pele na minha... A música dos teus olhos deitados nos meus, da tua boca, doce..., na minha... Sorri... Também tu fechaste os olhos. Inspiraste o ar anoitecido da cidade e esperavas que o silêncio se apagasse... Podiam ser acordes de um piano sedutor. Podia ser a voz rouca de uma guitarra, em afagos de fogo. Podia ser um cello caliente em quebrantos de maresia. Era tão só um violino e uma gaivota no parapeito de uma janela fechada. A noite chegara. A gaivota não podia esperar mais. Levantou voo e atravessou os céus da cidade, rasando o casario disposto em cascatas sanjoaninas. Sempre junto ao rio. Atrás de si, os acordes de um violino teciam uma ponte até ao outro lado da cidade e tocaram de música as tuas mãos. A gaivota sobrevoou aquela outra janela, aberta, de parapeito gasto de madeira e não parou. Mais uma vez, não parou... Os acordes de um violino impregnavam os céus de música mas a gaivota não parou naquele parapeito gasto de madeira!... E os meus olhos azuis, onde querias adormecer uma e outra vez, continuavam fechados e desvaneciam-se no rasto de uma gaivota que tecia pontes de música nos céus do Porto, ao anoitecer... Alguém acendeu a luz. A noite tinha chegado. Alguém parou o compact disc e o silêncio inundou o quarto. Ela abriu os olhos. Eram de um azul claro, com tons de água... O violino continuava no regaço e o arco no chão... Procuravam algo, os olhos... Outros olhos, talvez?... E onde estava o arco dela?... Fechaste a janela ao silêncio que regressava e com a minha música nas tuas mãos, suaves, foste dormir. Os acordes do meu violino tinham-se apagado, uma outra vez... Para sempre?... Pareciam perguntar as velhas paredes do casario... Não. Enquanto aquela gaivota tecesse pontes de música nos céus do Porto, ao anoitecer, aquele parapeito iria sentir a minha música, os acordes do meu violino, nas tuas mãos... E talvez ela um dia parasse naquele parapeito gasto de madeira e trouxesse no olhar, os meus olhos azuis...

 

 

publicado por MariaLua às 15:41
Quarta-feira, 09 / 06 / 04

Com o tempo... (a algumas pessoas que amo... elas sabem quem são!!!)

 

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"Depois de algum tempo aprendes a diferença, a subtil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E aprendes que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começas a aprender que beijos não são contratos e presentes, não são promessas. E começas a aceitar as tuas derrotas com a cabeça erguida e olhos a olhar em frente, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança. E aprendes a construir todas as tuas estradas de hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair no meio do vão. Após algum tempo aprendes que o sol queima se ficares exposto por muito tempo. E aprendes que não importa o quanto tu te importas, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceitas que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-te de vez em quando e tu precisas perdoa-la por isso. Aprendes que falar pode aliviar dores emocionais. Descobres que se levam anos para construir a confiança e apenas segundos para destrui-la , e que podes fazer coisas num instante, das quais te arrependerás pelo resto da vida. Aprendes que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E que o que importa não é o que tens na vida, mas quem tens na vida. E que bons amigos são a família que nos foi permitido escolher. Aprendes que não temos que mudar de amigos se compreendermos que os amigos mudam, percebes que o teu melhor amigo e tu podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobres que as pessoas com quem tu mais te importas na vida são afastadas muito depressa  por isso, devemos sempre deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pois essa pode ser a última vez que as vemos. Aprendes que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começas a aprender que não te deves comparar com os outros, mas com o melhor que podes ser. Descobres que leva muito tempo para te transformares na pessoa que queres ser, e que o tempo é curto. Aprendes que não importa onde já chegaste, mas onde estás a ir, mas se não sabes para onde estás a ir, qualquer lugar serve. Aprendes que, ou controlas os teus actos ou eles te controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil é uma situação, existem sempre dois lados. Aprendes que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências. Aprendes que a paciência requer muita prática. Descobres que algumas vezes, a pessoa que tu esperas que te "dê pontapés" quando cais, é uma das poucas que te ajudam a levantar. Aprendes que a maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que tiveste e o que aprendeste com eles, do que com quantos aniversários celebraste. Aprendes que há mais dos teus pais em ti do que supunhas. Aprendes que nunca se deve dizer a uma criança que sonhar é uma asneira, pois poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso. Aprendes que quando estás com raiva tens o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de seres cruel. Descobres que só porque alguém não ter ama do jeito que queres que ame, não significa que esse alguém não te ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso".

 

Anónimo

 

publicado por MariaLua às 12:30
Terça-feira, 08 / 06 / 04

A verdadeira beleza interior é intangível

 

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"Um jovem estava no centro da cidade, proclamando ter o coração mais belo da região. Uma multidão cercou-o e todos admiraram o seu coração. Não existiam marcas ou qualquer outro defeito. Todos concordaram que aquele era o coração mais belo que já tinham visto. O jovem ficou muito orgulhoso do seu coração. De repente, um velho apareceu diante da multidão e disse: - Porque é que o coração do jovem é mais bonito do que o meu? A multidão e o jovem olharam para o coração do velho, que estava batendo com vigor, mas tinha muitas cicatrizes. Havia locais em que pedaços tinham sido removidos, e outros tinham sido colocados no lugar, mas estes não encaixavam bem, causando muitas irregularidades. Em alguns pontos do coração, faltavam pedaços. O jovem olhou para o coração do velho e disse: - O senhor deve estar a brincar... Compare os nossos corações. O meu está perfeito, intacto e o seu é uma mistura de cicatrizes e buracos! - Sim, disse o velho. O seu coração parece perfeito, mas eu não trocaria o meu pelo seu. Veja, cada cicatriz representa uma pessoa para a qual eu dei o meu amor. Tirei um pedaço do meu coração e dei para cada uma dessas pessoas. Muitas delas deram-me também um pedaço do próprio coração para que eu colocasse no meu, mas, como os pedaços não eram exactamente iguais, há irregularidades. Mas eu estimo-as, porque me fazem lembrar o amor que compartilhamos. Algumas vezes, dei pedaços do meu coração a quem não me retribuiu. Por isso, há buracos. Eles doem. Ficam abertos, lembrando-me o amor que senti por essas pessoas... Espero que elas retribuam um dia, preenchendo esse vazio. Então, jovem? Agora você entende o que é a verdadeira beleza? O jovem ficou calado. Aproximou-se do velho. Tirou um pedaço do seu perfeito e jovem coração, e ofereceu-o ao velho, que retribuiu o gesto. O jovem olhou para o seu coração, não perfeito como antes, porém mais belo que nunca. Os dois abraçaram-se e partiram caminhando lado a lado".

 

Por Paulo Araújo

 

publicado por MariaLua às 10:21
Domingo, 06 / 06 / 04

A Criação

 

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26 E ao terceiro dia Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Tenha ele domínio sobre os animais marinhos, sobre as aves, sobre os animais domésticos e sobre os répteis. Domine a terra toda" 27 Assim Deus criou o homem à imagem do seu Criador. Deus fez o homem conforme a semelhança Dele. (Livro do Génesis - 1,26-7)

 

 

 

 Lenda da Criação da mulher

 

Conta uma lenda que, no princípio do mundo, quando Deus decidiu criar a mulher, descobriu que havia esgotado todos os materiais sólidos no homem. Diante dessa dificuldade e depois de profunda meditação, agarrou no redondo da Lua, nas curvas suaves das ondas, na terna aderência de uma planta trepadeira, no trémulo movimento das folhas, nas cores delicadas das flores e no olhar amoroso da corça. Certo do que fazia, extraiu a alegria dos raios de sol, as gotas de pranto das nuvens, a inconstância do vento e a fidelidade do cão. A modéstia do lírio, a vaidade do pavão, a suavidade das plumas do cisne e a dureza do diamante, também não faltaram. A doçura da pomba, a crueldade do tigre, o ardor do fogo e a frieza da neve, deu-lhe também a forma esbelta dos sobreiros, a sua resistência e a pureza de alma igual à da leveza da cortiça e assim completou a sua criação. Com essa mistura de ingredientes tão desiguais, criou a mulher é por isso que desde sempre quando olhamos um sobreiro parecemos ver uma mulher com cabelos ondulantes ao vento enchendo o mundo com as cores da sua sensualidade.

 

Maria Lua

 

publicado por MariaLua às 12:30
Sexta-feira, 04 / 06 / 04

Estrelas e Pássaros

 

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Era uma vez uma menina que tinha um pássaro como seu melhor amigo. Ele era um pássaro diferente de todos os demais: Era encantado. Os pássaros comuns, se a porta da gaiola estiver aberta, vão-se embora para nunca mais voltar. Mas o pássaro da menina voava livre e vinha quando sentia saudades ... As suas penas também eram diferentes. Mudavam de cor. Eram sempre pintadas pelas cores dos lugares estranhos e longínquos por onde voava. Certo dia, voltou totalmente branco, cauda enorme de plumas fofas como o algodão. - Menina, venho de montanhas frias e cobertas de neve, tudo maravilhosamente branco e puro, brilhando sob a luz da lua, nada se ouvindo a não ser o barulho do vento que faz estalar o gelo que cobre os galhos das árvores. Trouxe, nas minhas penas, um pouco do encanto que eu vi, como presente para ti ... E assim ele começava a cantar as canções e as histórias daquele mundo que a menina nunca vira. Até que ela adormecia, e sonhava que voava nas asas do pássaro. De outra vez voltou vermelho como fogo, penacho dourado na cabeça. - Venho de uma terra queimada pela seca, terra quente e sem água, onde os grandes, os pequenos e os bichos sofrem a tristeza do sol que não se apaga. As minhas penas ficaram como aquele sol e eu trago canções tristes daqueles que gostariam de ouvir o barulho das cascatas e ver a beleza dos campos verdes. E de novo começavam as histórias. A menina amava aquele pássaro e podia ouvi-lo sem parar, dia após dia. E o pássaro amava a menina, e por isso voltava sempre. Mas existia sempre um momento de tristeza: O da partida... - Tenho que ir, dizia ele. - Por favor não vás, fico tão triste, terei saudades e vou chorar ... - Eu também terei saudades, dizia o pássaro. Eu também vou chorar. Mas eu vou contar-te um segredo: As plantas precisam da água, nós precisamos do ar, os peixes precisam dos rios ... E o meu encanto precisa da saudade. É aquela tristeza, na espera da volta, que faz com que minhas penas fiquem bonitas. Se eu não for, não haverá saudades. Eu deixarei de ser um pássaro encantado e tu deixarás de me amar. E dizendo isto partiu. A menina sozinha, chorava de tristeza à noite. Imaginando se o pássaro voltaria. E foi numa destas noites que ela teve uma idéia malvada. - Se eu o prender numa gaiola, ele nunca mais partirá; será meu para sempre. Nunca mais terei saudades, e ficarei feliz. Com estes pensamentos comprou uma linda gaiola, própria para um pássaro que se ama muito. E ficou à espera. Finalmente ele chegou, maravilhoso, com as suas novas cores, com histórias diferentes para contar. Cansado da viagem, adormeceu. Foi então que a menina, cuidadosamente, para que ele não acordasse, o prendeu na gaiola para que ele nunca mais a abandonasse. E adormeceu feliz. Acordou de madrugada, com um gemido triste do pássaro. - Ah! Menina ... Que é que fizeste? Quebrou-se o encanto. As minhaspenas ficarão feias e eu esquecerei-me das histórias ... Sem a saudade, o amor ir-se-á embora ... A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar. Mas tal não aconteceu. O tempo foi passando, e o pássaro foi ficando diferente. Os vermelhos, os verdes e os azuis das penas cairam e transformaram-se num cinzento triste. E veio o silêncio; deixou de cantar. Também a menina ficou triste. Não, aquele não era o pássaro que ela amava. E de noite ela chorava pensando naquilo que havia feito ao seu amigo ... Até que não agüentou mais. Abriu a porta da gaiola. E disse: - Podes ir, pássaro, volta quando quiseres és livre ... - Obrigado, menina. Eu tenho que partir. É preciso partir para que a saudade chegue e eu tenha vontade de voltar. Longe, na saudade, muitas coisas boas começam a crescer dentro de nós. Sempre que tu ficares com saudades, eu ficarei mais bonito. Sempre que eu ficar com saudades, tu ficarás mais bonita. E tu enfeitar-te-ás para me esperar ... E partiu. Voou para lugares distantes. A menina contava os dias, e cada dia que passava a saudade crescia. - Que bom, pensava ela, o meu pássaro está a ficar encantado novamente ... E ela ia ao guarda-fato, escolher os vestidos; e penteava os seus cabelos, colocava flores nos vasos. - Nunca se sabe. Pode ser que ele volte hoje! Sem que ela percebesse, o mundo inteiro foi ficando encantado como o pássaro. Porque algures no mundo ele deveria estar a voar. E de algum lugar do mundo ele haveria de voltar. - Ah! Mundo maravilhoso que guarda num lugar secreto o pássaro encantado que se ama ... E foi assim com este pensamento que ela, começou a ir para a cama à noite , triste de saudade, mas feliz com o pensamento. - Quem sabe ele volta amanhã ?... E assim passou a dormir e a sonhar com a alegria do reencontro. E a guardar todos os seus sonhos como se fossem estrelas que enchem de brilho o céu da sua vida.

 

Rubem Alves

publicado por MariaLua às 20:13
Quarta-feira, 02 / 06 / 04

Flores Voadoras"- A todas as borboletas de asas coloridas(...)

 

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Imagine uma pequena flor silvestre começar a movimentar as suas pétalas delicadas e, de repente, começar a voar. Vi essa comparação algures por aí e agradou-me o pensamento. As borboletas não são mais do que isso: flores que voam. O colorido das suas asas, a delicadeza desses bichinhos que de tão frágeis parecem seguir ao sabor dos ventos, faz das borboletas um tema muito presente na arte em todos os tempos. As infinitas formas de desenhos e a combinação dessas manchas abstractas com um colorido às vezes esfuziante, às vezes discreto, colocam as borboletas em lugar de destaque entre as múltiplas formas com que a natureza sabe fazer arte. Essas pequenas flores voadoras são, incontestavelmente, uma das mais belas facetas da mão artística da natureza, pequeninos pedaços esvoaçantes de pinturas feitas pela vontade divina nos seus momentos de maior inspiração, tem sido o motivo para trabalhos de inúmeros artistas, cada qual mostrando como vê e interpreta esses animais. A vida das borboletas, efémera e subtil como as suas asas, é muito interessante, compreendendo um processo de metamorfose que a faz ser completamente diferente em cada fase. O número de espécies diferentes é simplesmente impressionante, qualquer coisa como 150 mil variedades, o que me parece uma enormidade. Acho que Deus gostou de criar essas flores esvoaçantes e ficou muito tempo a distrair-se multiplicando-as Imagens dentro de imagens, como em Salvador Dali, Badida ou Rê Rodrigues. As asas das borboletas possuem desenhos intricados que representam formas verdadeiras ou que se assemelham ou, simplesmente, intricados de fios e riscos que nada significam, mas que nos fazem viajar. No seu zigue-zague constante enquanto voam, as borboletas não demonstram que estão sem direcção certa. Elas estão, isso sim, tentando mostrar-se mais na sua beleza, vaidosas e cientes da sua condição de flor.

 

(Espero que todas as borboletas encontrem um dia o seu caminho... um caminho onde possam estender as asas e brilhar para sempre...)

 

Beijinhos a todos!

 

MariaLua

 

publicado por MariaLua às 14:51
Este é o lugar dos Contos e das imagens. Aqui estará SEMPRE no mundo da "Lua" onde é obrigatório SENTIR. Seja bem Vindo!

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