ESTORIAS DE LUA

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Quinta-feira, 26 / 02 / 04

Conto de Amor e Lua - 3

 

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É fascinante sentir,intuir, etc etc a forma mágnifica como vocês escrevem. Tem foi muito compensador para mim acreditem. Já de seguida vou publica-la todinha!!! Beijinhos muito grandes e obrigada! Amanhã farei um blog grande de agradecimentos!!!

 

 

"Era já noite. A Lua brilhava no céu enchendo-o com a sua luminosidade mágica. Mesmo vislumbrando aquele belo cenário Joana sentia-se triste e só. Juanito já dormia. Após olha-la com seus grandes olhos escuros e profundos que pareciam sempre interrogar-se, não havia resistido ao sono. Aconchegara-se no seu peito com fervor e adormecera. (Enviado por AmigadaLua) uma mãe pensativa olhava pela janela segurando na criança com as suas forças a lua hipnotizava-a com toda a sua luz escreveu um papel de despedida apagou a vela que a iluminava e guiada pela cruz flutuou pela camadas de ar até ao céu... onde encontrou a paz que lhe faltava e que tanto a fazia pensar... (Enviado por João Rodrigues) ..voltou à realidade estremecida por gritos de crianças na rua. Bolas voltara a sonhar acordada! Mas daquela vez não podia voltar atrás tinha de partir. Estava cansada de tudo o que tinha vivido até ali com excepção do nascimento da sua pequena semente o seu Juanito. Antes de fechar a porta atrás de si olhou tudo pela ultima vez como se fosse a primeira e sem pensar duas vezes saiu deixando a chave do lado de dentro........ (Enviado por Perlimpimpim) ...Correu pelo caminho sinuante que a levava ao futuro, quem sabe a um futuro mais risonho. Juanito dormia em seus braços, sem se aperceber que a sua vida iria mudar a partir daquele instante. Joana decidira ir em busca de sua felicidade do outro lado do oceano, para onde partira António, o seu amor de sempre, em busca de uma vida melhor. Além de Juanito, apenas levava a sua bagagem: as suas poucas economias e uma mala cheia de sonhos e esperança............... (Enviado por Anjo do Sol) ...mas dentro dela toda uma sociedade "fervilhava" e ia intuindo tudo o que lhe fazia "doer" na alma transformando-se assim numa espectadora de si própria. E os seus pensamentos e inseguranças tornaram-se palavras e as palavras gritos então numa praça qualquer perdida algures entre um mundo e outro teve o seu monólogo... ( Maria Lua ) - As cores dos silêncios. O azul intermitente da sinalização de uma ambulância, persegue-me. Não me consigo abstrair que a dor e o sofrimento, têm aquela cor. Na noite cerrada, pelas intempéries e nuvens escuras, aquele azul intermitente aterroriza e faz-me pensar nas fragilidades da vida, que dura apenas o tempo de um destino. A inevitabilidade da morte deixa-nos paralisados. Transidos de medos do desconhecido. Porém, algumas vezes parece ser a única forma de fazermos reflexões, de nos olharmos e de olharmos o todo, tentando entendê-lo. Clamamos por Deuses, que não temos a certeza de existirem, ajuizamos os seus desígnios, perdidos nesta realidade, que é a de um dia, sermos nós a deixar de respirar. Terão valido a pena todas as hesitações?! Ou ao contrário, deveríamos ter dito tudo o que pensávamos, feito tudo o que sonhámos, arriscando o cumprir de sonhos e o sortilégio da realização de uma plenitude do acto de expirarmos e inspirarmos? Quero acreditar, que mais vale uma vida com erros, que um vegetar sem indignações, sem marginalidades, sem irreverências. Se é certo, que a felicidade pode estar num qualquer pré destino, também não é menos verdade que devemos correr atrás das nossas utopias, tentando a todo o custo agarrar essa felicidade, que parece estar para além de todos os homens. Damo-nos então conta, que sonhos cumpridos, mais não são que sonhos tornados realidades, por força das perseguições que lhes movemos, e destinos cumpridos. Perdemo-nos em mirabolantes conjecturas tentando adivinhar destinos e futuros, que não sabemos se teremos. A vida é tão frágil! Sabendo todos nós de tudo isto, porque teimamos em continuar guerras, perpetuar fomes e doenças, explorar semelhantes?!  Está para lá da minha compreensão...... (Enviado por AcasoDasLetras) ...Quando acabou de proferir estas palavras ficou sem sequer conseguir pensar durante os momentos que se seguiram e voltou a ser "ela" pacata, humilde, sem palavras profundas mas com muito sentimento dentro do peito e fora esse sentimento que a fizera.... (Maria Lua) ...deixar tudo naquela casa, naquela noite e partir atrás do seu amor, aquele que lhe dera Juanito, estava a ser extremamente complicado. Aquela lua, aquela paisagem, aquela calma. Trocar tudo por algo incerto...mas já tinha decidido e já não iria voltar atrás.Aquela vontade já vinha de alguns dias atrás.Foi crescendo, crescendo e agora estava ali cheia de força, capaz de derrubar receios... Mas, apesar de forte, às vezes vacilava...o que havia Joana de fazer????----------- (Enviado por pofpof) ...acabou por decidir ir em frente nos seus propositos. O amor foi mais forte que tudo...afinal de contas sentia-o a inundar-lhe o peito. António era o pai de Juanito e ela tinha de dizer-lhe. De certeza que ele iria ficar feliz por o saber e mesmo que aquela união começasse por ser dificil o que interessava era estarem juntos e serem uma familia e o significado mágico que isso representa, já não havia motivos para tanta distância. E foi o reencontro... (Enviado por Eu) ...Ficaram a ouvir os silêncios. Os sons magníficos da harmónica e da viola, convidavam ao amor. Caíram na relva do jardim público, beijaram-se demoradamente e foram-se despindo mutuamente. Fizeram amor." (...) So long! (Enviado por AcasoDasLetras) .... FIM

publicado por MariaLua às 22:05
Terça-feira, 24 / 02 / 04

Conto de Amor e Lua (1e meio)

 

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Ontem solicitei apoio para elaboração de uma história colectiva (comentários do post anterior) e os "frutos" já começam a aparecer. Vou publicar hoje o que já foi escrito por vocês. Continuem! Escrevam a "Vossa" parte da história nos "comentários"deste post ! Isto é super energético! Obrigada.

 

Maria Lua

 

 

"Era já noite. A Lua brilhava no céu enchendo-o com a sua luminosidade mágica. Mesmo vislumbrando aquele belo cenário Joana sentia-se triste e só. Juanito já dormia. Após olha-la com seus grandes olhos escuros e profundos que pareciam sempre interrogar-se, não havia resistido ao sono. Aconchegara-se no seu peito com fervor e adormecera (Enviado por AmigadaLua) uma mãe pensativa olhava pela janela segurando na criança com as suas forças a lua hipnotizava-a com toda a sua luz escreveu um papel de despedida apagou a vela que a iluminava e guiada pela cruz flutuou pela camadas de ar até ao céu... onde encontrou a paz que lhe faltava e que tanto a fazia pensar... (Enviado por João Rodrigues) ..voltou à realidade estremecida por gritos de crianças na rua. Bolas voltara a sonhar acordada! Mas daquela vez não podia voltar atrás tinha de partir. Estava cansada de tudo o que tinha vivido até ali com excepção do nascimento da sua pequena semente o seu Juanito. Antes de fechar a porta atrás de si olhou tudo pela ultima vez como se fosse a primeira e sem pensar duas vezes saiu deixando a chave do lado de dentro........ (Enviado por Perlimpimpim) ...Correu pelo caminho sinuante que a levava ao futuro, quem sabe a um futuro mais risonho. Juanito dormia em seus braços, sem se aperceber que a sua vida iria mudar a partir daquele instante. Joana decidira ir em busca de sua felicidade do outro lado do oceano, para onde partira António, o seu amor de sempre, em busca de uma vida melhor. Além de Juanito, apenas levava a sua bagagem: as suas poucas economias e uma mala cheia de sonhos e esperança............... (Enviado por Anjo do Sol)

 

publicado por MariaLua às 18:04
Segunda-feira, 23 / 02 / 04

Conto de amor e Lua

 

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Tenho um desafio para vos lançar: Vamos escrever uma história juntos? A imagem que coloquei será o ponto de inspiração e cada um de vós escreverá um pouco nos "comentários", quando alguém achar que a acabou escreve a palavra Fim. Desta forma teremos uma nova história feita por todos. Eu já colaborei com o titulo e falo-ei outra vez se assim me disser a alma. Todas as pessoas podem colaborar o numero de vezes que quiserem. Bora???

 

Maria Lua

 

publicado por MariaLua às 16:47
Sexta-feira, 20 / 02 / 04

Contar Histórias é Doar o Que se Tem de Melhor no Coração

 

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Nota da Editora: Sou uma apaixonada dos contos. Eles levam-nos para um mundo maravilhoso por onde é bom passar(...)

Todos nós temos um contador dentro de nós (talvez o texto que se segue o ajude a perceber melhor isto) Já agora: já descobriu o seu??? O mundo agradecerá...

 

Maria Lua

 

Talvez você nunca tenha ouvido falar nos Contadores de Histórias, mas eles são seres encantados que povoam o mundo real e levam encantamentos e poesia para todas as pessoas. O Contador é Senhor do Tempo e usa as histórias para revelar verdades da vida. Desde o início dos tempos, o conhecimento era transmitido de forma oral pelos homens primitivos. Sentar em volta do fogo, ao redor de uma mesa, em bancos de cozinha vinham sempre acompanhados de histórias. Mas, com o advento de novas tecnologias, este hábito ficou adormecido por muito tempo, e o homem desaprendeu a ouvir. Há algum tempo, entretanto, o resgate da tradição oral vem ganhando força, e a cada dia surgem novos contadores de histórias. Grupos se formam, e essas pessoas, que foram um dia chamadas de povo encantado, voltam a habitar o mundo. O trabalho dos Contadores de Histórias tem o objectivo de resgatar a tradição oral e o ensinamento contido nas histórias. De forma subtil e agradável, eles têm o poder de conduzir os ouvintes a mundos encantados. O conto ressurge com intensidade nas escolas e passa a ocupar vários espaços alternativos. Hoje se conta histórias em hospitais, bibliotecas, empresas, bares, restaurantes, praças, palco etc. em qualquer lugar onde existam pessoas dispostas a emprestar seus ouvidos generosos para ouvir e se encantar com um conto, pessoas com o coração aberto para aprender e ensinar. Surge a figura do contador "Profissional". Essa "profissionalização" é extremamente positiva, gerando um cuidado com a linguagem, com a selecção dos contos e com a adequação do conteúdo. Mas, o risco de se tornar mais um instrumento de massificação é muito alto. O uso de adereços como fantoches, fantasias, cenários, pode e deve ser feita, mas de forma cuidadosa, pois contar histórias não é teatro. O contador de histórias tem uma missão que não pode ser abandonada ou feita pela metade. Quem começa a contar não pode nunca parar, pois desempenham um papel fundamental para que o mundo seja mais mundo, que a vida seja mais vida e para que nós sejamos mais humanos. A intenção do contador de histórias tem que ser muito clara. O conto deve ser doado ao ouvinte. Para que isso aconteça, é necessário que haja uma completa integração entre conto e contador, que um esteja apaixonado pelo outro. O processo de escolha do conto é bilateral, tanto o contador escolhe o conto, como o conto escolhe o contador. A história precisa fluir através do contador, que passa a ser um instrumento deixando que a mensagem saia de seu coração para o coração dos ouvintes. A preparação para uma boa maneira de contar começa assim com uma grande paixão: contador lê ou escuta um conto e eles se enamoram; o conto invade o corpo do contador e passa a fazer parte dele; o contador despe o conto, compreendendo cada pedacinho dele; o conto revela o seu interior ao contador; o contador coloca uma roupa nova no conto, bem ao seu gosto; os dois se sentem felizes juntos e passam horas se admirando, se estudando; o contador revela o seu amor e conta para todos o conto que o escolheu e que por ele foi escolhido. Neste momento, o contador é o próprio conto, e o conto a sua história. Além destes pontos fundamentais, o contador dispõe de algumas técnicas de expressão corporal e vocal, relação com o espaço, expressão do olhar, vocabulário etc. O contar dos contos deve ter ritmo, pausas, variação do tom de voz. Eventualmente o contador pode criar vozes para personagens ou para um personagem especial. A história não deve ser gritada, e sim contada em bom tom, com a voz bem colocada. É importante que as palavras sejam bem articuladas e as frases ditas até o final em tom audível. As pausas são necessárias para que o ouvinte vá construindo as imagens em sua mente e vivenciando, juntamente com o contador, cada pedacinho da história. O uso de gestos suaves, movimento de corpo também podem complementar o trabalho. Deve-se evitar andar muito, fazer movimentos bruscos, pois essas coisas desviam a atenção do público, fazendo com que ele perca o fio da história. Outro ponto importante é o olhar. O contador precisa olhar nos olhos dos ouvintes. Os olhos são a melhor forma de prender a atenção do público. Um olhar para o nada não prende ninguém. A linguagem deve ser adequada ao conto de acordo com o vocabulário do contador e o público. Quando se conta uma história deve-se evitar descrições longas, mais apropriadas para serem contadas. O contador consegue melhor resultado quando utiliza metáforas para descrever, pois cada ouvinte tem um espaço livre para criar, imaginar o que quiser. Por exemplo, quando se diz que a princesa era linda, tinha cabelos com longos cachos dourados, olhos azuis e boca vermelha está se apresentando um modelo pronto de beleza criado pelo autor ou contador. Esse modelo pode não ser o que o ouvinte considera belo. Portanto, seria bem melhor dizer que a princesa era tão linda quanto a lua em seu quarto crescente. Com isso, o ouvinte imagina a beleza que quiser e viaja num universo livre, desprovido de padrões. Vale ainda salientar que o contar é livre, que não existe receita para se contar. Pode-se contar com o auxílio do livro, de bonecos, de fantoches ou apenas com a voz. O importante é que o contador esteja à vontade. As técnicas disponíveis são apenas instrumentos que facilitam o fluir e a comunicação. O contador deve ouvir o coração, pois este lhe mostrará o verdadeiro caminho."

publicado por MariaLua às 11:55
Quinta-feira, 19 / 02 / 04

OS CONTADORES DE HISTÓRIAS

 

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"Os xamãs foram os primeiros contadores de histórias. Através das histórias se conserva o conhecimento através das gerações. A narração oral da história e tradição foi o aspecto essencial das religiões nativas. O Contador de Histórias criava vínculo, fazia curas, clarificava a identidade, celebrava os paradoxos da vida, os divertimentos. Ele também estava presente mantendo ou criticando a história, servia de reforço cultural e religioso. Todas as tribos tinham seus contadores de histórias. Algumas culturas tinham homens e mulheres contadores de histórias.

 

Para ser um contador de histórias o aspirante deve dedicar-se a conhecer as histórias da comunidade, dos ancestrais, da cosmologia, e é claro ter dons de oratória e ser aceite pelos Anciões. Muitas das histórias são visões, sonhos, introspecções. Faço abaixo um resumo do texto de Jamie Sams : "Os contadores de histórias de todas as tribos e nações constróem uma ponte entre os ensinamentos tradicionais e o momento presente. As crianças aprendem com eles e aplicam as histórias em sua própria vida.

 

Cada história possui diversos significados e relaciona-se de forma diferente para cada pessoa. Cada vez que a história é repetida, cresce o nível de entendimento. Alguns acontecimentos da história eram repetidos de maneira diferente para que cada ouvinte pudesse perceber melhor, de acordo com sua capacidade de entendimento. O Contador de histórias tem um posto no Conselho dos Anciões. Ele possui o dom de falar a alguém em particular sem se dirigir a ele.

 

Todos os sábios nativos preferiam ensinar por meio de histórias a apontar directamente os defeitos de alguém. " Todos os mestres iluminados desta Terra, sempre se utilizavam de histórias para passar suas verdades, pois eram sabedores que as vezes a verdade é muito dura para ser aceite. Veja o exemplo de Jesus que falava por meio de parábolas, de Buda , Lao-Tsé e outros. É importante frisar que as histórias criam imagens na mente do ouvinte, que por sua vez despertam emoções, que por sua vez desperta uma bioquímica. Elas relaxam, amedrontam, ensinam, curam, entusiasmam, entristecem, alegram (...)

 

No xamanismo, o contador de histórias é um caminheiro entre os mundos. Não é apenas ler, para contar uma história com sucesso ela deverá vir do interior. Isto significa viver a história interiormente, o experimentar do ponto da vista de cada um dos caracteres, da caminhada e do riso, da tensão, da reflexão da advertência. Forma e conteúdo. É visualizar cada volta da história até que você possa fazer funcionar sua imaginação como um filme; pensar profundamente sobre a mensagem subjacente a que a própria história está tentando fazer, compreender os fluxos da energia, movimentos, gestos, semblantes, respiração, pausas, dicção, etc.

 

O contador de histórias, então, é um mediador entre o nosso mundo conhecido e o desconhecido. Viaja pela comunidade de dragões e fadas, anjos, com as bestas mágicas e míticas. Com deuses e deusas, os heróis e os demónios. Expressam-se acima deste mundo, passam livremente de um mundo para o outro, e ajudam-nos a experimentar outros reinos. Também são invocadores de poderes elementares, dos poderes da transformação. Podem mostrar-nos que como confrontar nossos medos, como experimentar êxtase ou nos trazer a cara à cara com morte ou terror do espírito - com o infinito e incompreensível. O contador de histórias vive e comunica o poder, o significado e a realidade do mito a uma profundidade que não possa ser apreciada até que experimentada. E a experiência é a palavra crucial aqui. A experiência da palavra nos conduz quando a história vem do interior."

 

          Léo Artése

 

publicado por MariaLua às 12:30
Quarta-feira, 18 / 02 / 04

IMAGENS DE SENTIR...

 

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publicado por MariaLua às 12:43
Quarta-feira, 18 / 02 / 04

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publicado por MariaLua às 12:37
Quarta-feira, 18 / 02 / 04

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publicado por MariaLua às 12:34
Quarta-feira, 18 / 02 / 04

A Nuvem dos Segredos

 

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Nota da Editora: A beleza existe. Anda meio esquecida mas está sempre presente num local onde todos os que são sensiveis sabem ir. Esses que acreditam que as coisas são mais do que "coisas" e que lhes atribuem conotações sonhadas mas tornadas "reais" pelos seus sonhos. Dedico este texto (que achei lindo) a todas essas pessoas "conhecidas" ou não(...) que me têm ajudado a descobrir esse mundo secreto e que me ajudaram a conseguir vê-lo com olhos de arco iris. Obrigada!!

 

Maria Lua

 

"O comboio saiu do seu túnel escuro, e os passageiros encadearam-se com a luz do sol, que estava anoitecendo sobre o mar. A menina de risos dourados estava sentada ao colo da sua mãe, dizendo-lhe que tendo o Verão já acabado, havia ainda pessoas na praia. Perguntou-lhe então: - As ondas falam, mãe? - Claro, filhinha. As ondas são quem viaja por todo o mundo com as suas bocas brancas e contam umas às outras o que se tem passado, pelos lugares onde têm estado. Ás vezes riem-se muito, e é por isso que ouves muitos salpicos a seguir ao seu romper, outras vezes estão chateadas e há ondas muito grandes que ao romperem fazem muito barulho. Em algumas ocasiões, estão preguiçosas e nem se mexem, e isso é porque estão a dormir. Uma pequena onda que quase nada diz sobre a areia, significa que está a roncar. - Olha mãe! Que nuvem mais estranha. - Sim, tens razão. Essa nuvem, é a nuvem dos segredos. Sabias que havia essa nuvem?- perguntou, em segredo a mãe. - Sim - escuta os segredos de todos - diz, a menina rindo-se. - Bem, de certa maneira sim. Todas as ondas lhe contam os seus segredos, porque sabem que ela não os contará a ninguém. Todos os animais do mar o fazem. Sabes que outros animais no mar existem?- perguntou-lhe, obrigando-a a pensar um pouco. - Sim - os pássaros da água. - contestou rindo. - Ah! Como se chamam? Gai - dava-lhe uma ajuda. - Gaivotas!- contestou, contente de o saber.- Olha mãe, há uma que está a brincar com as ondas. Sabias mãe que as gaivotas voam, porque têm uma barriga muito grande? - Sim, também porque se enchem de ar - diz a mãe, enchendo as suas bochechas de ar, abrindo os braços em redor e movendo-se de um lado para o outro - e fazem-no como um avião. Ás vezes as gaivotas querem saber os segredos que as ondas contam à nuvem, e aí a nuvem parte aborrecida para outros lugares. Se a gaivota a aborrece muito, então começará a chover. Outras vezes, chove sobre a terra e os segredos caem nas plantas, nas árvores, nas flores ou simplesmente sobre a terra. Como não conhecem as ondas, não percebem muito o que significam esses segredos, e então caem-lhes em cima. - E o que se passa com os segredos que chovem sobre a terra?- perguntou-lhe, olhando através da janela. - Não se passa nada, caem como simples gotas de chuva, guardando os segredos para sempre no coração de cada gota, que ao ser absorvida por uma árvore, flor, ou onde quer que venha a cair, guarda esse segredo como se alguém lho tivesse contado. Mas, nunca pode lembrar-se que é uma realidade, como quando alguém pensa que tem algo a dizer, e não se recorda o que é.- explica-lhe a mãe juntando uma parte do seu rosto, contra o da sua filha de quatro anos. A menina acomoda-se no colo da sua mãe, e enchia-lhe a cara com os seus caracóis dourados. Á medida que o comboio apitava, algumas nuvens rosa, azul e violeta, juntavam-se no horizonte a escutar os segredos, que alguém tinha para lhes contar. Outras chegavam mesmo a tempo, para se desfasarem com o entardecer. E entre contar nuvens e mais nuvens, foram chegando à sua estação, onde pararam e se despediram das senhoras do céu, até ao dia seguinte."

 

Ana Amante 09/09/2000

 

publicado por MariaLua às 12:14
Terça-feira, 17 / 02 / 04

JOSÉ JORGE LETRIA

 

 

 

 

Sugiro hoje neste post a todos os meus leitores, este livro de José Jorge Letria que me tocou profundamente. Leiam-no e sintam como o "amor" ainda é possível. Um Abraço a todos :)

 

Maria Lua

 

 

O que Aquela Noite me Quis dar

 

«Eu não estava em casa nessa noite, filho nem podia estar. Estava nas ruas com os soldados que rumavam às rádios e aos quartéis, engalanados de sombra e de júbilo, a ver o que aquela noite prometia ser. E tu, filho, tinhas a idade rumorejante desse Abril embalado por uma canção do Zeca. Como posso explicar-te tudo aquilo que tu nasceste para aprender, para viver? Eu estava aquartelado no meu silêncio de pétalas, sílabas e marés, no meu dédalo de vozes embriagadas pelo vento, na coragem errante das pelejas da infância e pouco ou nada sabia do mistério desse mês capaz de transformar em assombro as nossas vidas. Sim, sou eu neste retrato antigo a receber em festa os exilados, os que chegavam com grinaldas de cantigas e a flor de uma ilusão bordada a sangue e espuma no capote das nocturnas caminhadas. Sim, sou eu a escrever a primeira reportagem do primeiro de muitos dias em que o tempo deixou de contar, em que os relógios se tornaram corolas de paixão e riso na lapela larga da alegria desta pátria. Eu não estava em casa nessa noite, filho, estava a afinar o coração pelo tom das mais belas melodias que alguém pode aprender para dar a quem ama a paz de um sono sem tormento.»

publicado por MariaLua às 12:05
Domingo, 15 / 02 / 04

Viver é como andar de bicicleta: Às vezes cansa, às vezes cai-se!!!

 

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Tenho vivido com se tivesse um defeito de fabrico e usasse as pernas ao pescoço em vez de as ter junto ao "cóccix". Nunca faço nada que esteja correctamente certo. Mas quem sou eu para me auto-avaliar? De qualquer forma é isto que minha mãe sempre repete. A pobre senhora, que nunca teve um minuto de sossego por minha causa nem agora que já atravessou a casa dos sessenta consegue respirar um pouco do ar puro a que tem todo o direito. Sou mesmo uma filha problema... comecei por o ser quando tinha um ano e pouco, aquando de uma sesta em casa da vovó em que me deliciei a papar todas as cabeças de fósforo de uma pequena caixa que por ali havia sido esquecida. Foi um fim de tarde atribulado em que num hospital perto de si me vi empanturrada por uma tala e um tubo de plástico goela abaixo sem tão pouco me terem deixado dizer: - Não quero. Também diga-se de passagem que ainda não falava muito bem. Ah é verdade e não tinha dentes. A mamã já pensava que ia ter uma filha desdentada toda a vida quando aos dezanove meses umas gotas maravilhosas os fizeram nascer todos de uma vez. Como consequência disso, tempos depois tive febres tão altas que acabei por ter convulsões e lá foi toda a família passear novamente até ao hospital onde em cima de uma maca não queria dar sinal de mim e voltar à vida. Dessa vez é que a pobre senhora minha mãe se passou coitada, quando a médica lhe disse que eu corria perigo de vida. Mas foi só um susto. Acordei!!! Vá lá leitor não é preciso chorar. Se tivesse morrido não poderia estar aqui a relatar estes episódios :) Sempre fui realmente uma filha problema. Rapazes ai deles! Um dia devia eu ter os meus nove anos mais ou menos e numa disputa com um sobre um assunto qualquer sem importância irritei-me de tal forma que. cof cof... bem levantei a mão e parti-lhe dois dentes. Foi literalmente de gritos ver o rapaz (também da mesma idade) correr à minha frente e ir desabafar adivinhem com quem? Exactamente com a tal senhora que me pariu e que realmente mais uma vez não ficou muito orgulhosa da filha que tinha mas que dessa vez até se riu. Não foi assim tão mau pensei... Mas realmente enganei-me pois tal procedimento custou-me um castigo de quarto (chamávamos castigo de quarto quando tinha de ficar presa no quarto e não podia sair) aquilo custava-me muito. Mais valia apanhar uns "tabefes" e ir para a rua brincar após o jantar. Outra das minhas pobres vitimas era meu irmão (um puro santo com tripas!!!) que ainda me sofreu algumas. penso que ainda hoje ele dá razão a minha mãe quanto à minha eteriedade. De umas vezes era obrigado a comer a sua refeição e ainda os restos da minha que eu sorrateiramente colocava no seu prato sem que ninguém visse. De outra vez (recordo como se fosse hoje, apesar de ter acontecido quando eu era ainda muito pequena) ficou com o polegar pendurado aquando de uma tentativa desesperada de me tirar uma faca da mão com a qual eu possivelmente poderia causar danos irreparáveis. Os dele foram reparáveis com apenas dezassete pontos. Bem, quando comecei a crescer e a ficar com o nariz ainda mais empinado ai sim a minha linda mãe começou a ter verdadeiros problemas. Vieram os pedidos de saídas à noite com as amigas os olhares prolongados para a sombra e os desejos de independência. Nessa altura a senhora minha mãe adquiriu olheiras profundas que ainda hoje detêm pelas noites mal dormidas. Quando temos dezoito anos, achamos que o mundo nos pertence e que já somos adultos e podemos tomar conta de nós sozinhos sem a interferência dos velhos, mas ao mínimo problema ai estamos nós cheios de medo e agachados por baixo da saia da mamã que parece esquecer que o erro foi nosso e nos deixa lá ficar até nos recompormos. De qualquer forma penso que a minha querida e adorada mãe não tem sido das mais desafortunadas pois apesar de eu ter realmente uma essência um pouco esvoaçante e aérea sempre soube ama-la como merece. Não podemos ser todos iguais né?

 

 

Maria Lua

 

publicado por MariaLua às 20:31
Sábado, 14 / 02 / 04

FELIZ DIA DOS NAMORADOS...

 

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Ficar não é importante. O importante é estar. Não interessa por quanto tempo. Mas estar. Trocar experiências, partilhar, dar sorrisos ou dores que ensinam. Viver só durante o tempo certo com, ou menos que o tempo certo, nunca tempo de mais senão abrem-se feridas incuráveis e começam as dores. Sentir. Usar os sentidos até á exaustão. Não fingir. Caminhar ao lado sem cair. Dar a mão e florir. Depois ou recordar com sorrisos e muito azul, ou cheirar o ar e corar e desejar. Isso sim é viver. Ficar sem ser é tédio, não se fica parte-se sem rumo e para o vazio.

 

 

Maria Lua

 

publicado por MariaLua às 22:18
Quinta-feira, 12 / 02 / 04

CONTO DE FADAS

 

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Contra-sensos de atavismo. Algumas vezes nascem príncipes da poeira humilde das ruas. Não da espécie dos conspiradores felizes, que fazem da própria nulidade original arma de guerra e lutam e sobem, cobreando através dos conhecimentos até campear triunfantes sobre o domínio dos homens, não: verdadeiros príncipes, que o são ao nascer; que têm a púrpura do manto diluída em glóbulos de altivo sangue, absolutamente a salvo da embolia mortífera que a impureza do ambiente da sua miséria poderia ocasionar; príncipes nobilíssimos, que têm a força do emblemático cetro vertebrada em espinha dorsal, inflexível às humilhações da sorte, e no olhar firme, sem jaça, que lhes clareia a testa, a majestade dos diademas. Podemos encontrá-los, ao dobrar uma esquina, em andrajos, face cavada pela necessidade e pelo suor, – lágrimas de fadiga. Pesa-lhes mais que a ninguém a fatalidade arquitectónica do edifício social, que obriga a super posição dos andares e a inferioridade do baldrame. São oriundos desta raça os piores criminosos e os revolucionários sublimes. Entre estes extremos há, porém, o meio-termo, mais comum, dos obscuros que sucumbem, bloqueados na vaidade inflexível da imaginária realeza. "Impossível! monologava Aristo. Com os diabos! É uma solução arrebatada, que não me entusiasma. Suprimir-me! É boa! e o meu lugar no refeitório da vida? Então não há um talher para cada um nesta mesa redonda, como não há, no campo, um figo para cada pássaro. Quem me privou do figo nesta partilha? Implorar... Mas haverá pássaros mendigos? Há criancinhas que esmolam cantando; nenhuma outra miséria conheço que cante; não há lágrimas aladas; a própria chuva, porque parece pranto, cai na terra. Não será, pois, a vida como o espaço, e as aspirações como um voo? Ah! mas reflictamos com justeza. E o que pensarão os figos, desta vida? Que opinião a deles sobre os pássaros e sobre as aspirações? Também, pobrezinhos, têm um coração que palpita insensivelmente. Abri um figo; vereis a polpa ou riçada de pontas sangrentas... Como não? os frutos sangram! Têm todos os direitos da maternidade... Não respeitais a maternidade?... Inclusive o Santíssimo direito da dor! Percebo, percebo. Há homens-figos, há homens-pássaros. Sim! mas eu, figo!... uma figa! É preciso que um degrau se estenda em baixo, para que outro degrau se estenda em cima, e a escada suba?... Eu trabalhei o ferro. Como me compreendia o másculo metal, parente da energia inflexível de meu génio! Não me valeu a força de operário: faltou-me a habilidade de mendigo. Trabalhei então o pano. Homens do dispêndio, mantenedores da indústria, não sabeis de que tecido se fazem as ricas vestes. Passaram fibras de coração pelos teares; tingiram-se os padrões com as cores escuras da miséria. Conheceis os rebanhos humanos encurralados nas fábricas. O carneiro dá a lã. Toda essa lã puríssima: sensibilidade, delicadeza, pudor, altivez, de que se faz a superioridade moral, se apara ao rebanho humano. Este precioso estofo: vedes esta rosa entre folhas, labiada em pétalas esplêndidas sobre a trama da tecelagem? É a honra de uma operária, a infâmia feita tinturaria. Não quiseram que eu visse o que eu vi, nem que, vendo-o sentisse. Passei a ser compositor. Ia encontrar de frente o pensamento, como encontrara a indústria. Maravilhou-me a infinidade dos tipos nos caixotins, palavras reduzidas a migalhas, ideias pulverizadas! Criei amor ao estanho dos tipos. O estanho vale mais que o bronze; porque se de bronze se pode fazer o glorioso escritor, de estanho se faz o livro. Ao metal do gloriado prefiro o metal da glória. Deram-me a compor esta frase de um poeta: Filosofia do mar: os menores peixes, devoram-nos os maiores. Assim os homens. E nesse dia não compus mais. E odiei o estanho; voltei definitivamente às velhas simpatias pelo ferro." E Aristo amaciava na palma da mão o ferro de um punhal, com a alma varada pela meditação cruciante, sentindo rasgar-se-lhe aos pés a aberta por onde, mais dia, menos dia, nos escapamos todos para a sombra. - Aristo, vem comigo; disse-lhe alguém ao ouvido, – uma pequenina voz de mulher, áurea e musical. Era uma visão de risos, trajando o vestido etéreo dos sonetos de Petrarca, maneando a haste leve de uma varinha de fadas. Donde vens, desertora gentil dos contos da infância, graciosa importuna do meu desespero? - Anda comigo, Aristo. Partamos para a independência feliz. E partiram, Aristo e a fada, para uma região fantástica e surpreendente. Céu vasto, de transparência inexprimível. As alvas nuvens, por uma superfluidade de asseio iam, como esponjas, esfregando, uma a uma, as safiras limpas do céu. Cobria-se a terra de pedraria, poeira cintilante de gemas; erguiam-se taludes de facetado cristal. Estranha vegetação brotava. Perfeita floresta de ourivesaria. Troncos de ouro lavrado e folhagem soldada a fogo. Através dos ramos reluzentes, a vi ração ia e vinha, fria do contacto metálico da selva, sem que o mais débil galho tremesse, sem que a mínima flor vacilasse no hastil. Às vezes, a um sopro mais forte, soltava-se um ramúsculo com um estalido seco de agulha partida, ou uma flor desarmava-se, e as pétalas caíam, produzindo o barulho de moedinhas pelo chão. Nenhum outro rumor, nem um perfume, nem uma vida, em toda a paisagem, imóvel e rutilante. Desaparecera a fada com o rosto em risos e o vestido celeste, que descansavam a vista da crueza das cintilações. Brilhava no ar, terrivelmente, a claridade verde dos reflexos combinados das safiras do céu e do ouro da floresta. Horas passadas, Aristo teve fome; exacerbou-lhe a sede a secura cáustica do ambiente. Descobriu pomos no arvoredo, inchados de maturidade, e gotas de orvalho no cálice das flores. Mas, quando quis trincar os pomos, quebravam-se-lhe os dentes contra a rija resistência da casca dourada, e bebendo orvalho, puríssimos diamantes aliás, foram-lhe as arestas da pedra, ensanguentar o esófago. - Maldição! maldição! Que me trouxeram ao inferno da pureza e da inflexibilidade! A fada, aparecendo: - Eu sou, pobre Aristo, a fada Ironia. Guiei-te à pátria inexorável do teu orgulho.

 

Raul Pompeia

 

publicado por MariaLua às 20:18
Quarta-feira, 11 / 02 / 04

"COISAS DE BRUXA"- Para A.M.E.

 

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«Eu nasci com este dom nunca fiz nada para ser assim. Consigo sempre ver nas coisas e nas pessoas algo mais do que coisas e do que pessoas. É fácil para mim responder-lhes e brincar com as suas energias. Se isso é ser bruxa então sou bruxa pronto! Rio-me disso, acho engraçada a maneira como me vêem. Olho-os e lá está a cor mágica que os define. Ninguém entende a vida que levo. Acham-me no mínimo estranha, rio-me. Sou apenas, uma mera mortal que quer ser feliz. Mas a minha felicidade vem sempre por acréscimo da felicidade que tento plantar nos outros. Vê-los sorrir é o meu alimento. Gosto de falar com as plantas e com os animais,e por mais estranho que seja, eles dão-me algumas das respostas que preciso para continuar a sorrir. (Talvez mais do que as pessoas). E tenho também as minhas asas, acompanham-me sempre, em todas as horas da minha vida. E todo o mistério das coisas está nelas e no puder voar (...) Engraçado como pouca gente ainda o descobriu. Também sorrio a isso, segundo dizem é um sorriso enigmático e misterioso. Garanto-vos que nada tenho de Gioconda. Volto a rir-me. O meu sorriso tem todo o tamanho do meu coração. E desejo-o partilhar e doar ao mundo. Talvez seja assim que desejo ser recordada um dia quando partir: como uma enorme boca a sorrir e que no meio do sorriso se transforma num coração... Depois tenho a pintura. Reproduzo-me através dela como essência. Tento esquecer tudo o que aprendi e partir despida para a concepção de todos os meus sonhos e realidades. Não pinto pelo dinheiro, mas para esvaziar a alma. Quando acabo de pintar um quadro sinto que já o pari e a partir daí deixa de ser meu. Deixa de ser eu. No entanto encontro sempre pessoas que já o viram em sonhos e que acabam por ficar com ele. Não faço nada para isto acontecer. É magia. Acredito nela, rodeio-me dela e sinto-a dentro de mim. Sei que todas as minhas respostas estão no que não se explica mas que se sente. Vivo assim e gosto muito. Não penso muito sobre as coisas, estas acontecem e pronto. Não ambiciono ser famosa ou rica ou mesmo poderosa. Quero só puder continuar a viver desta calma, desta paz interior que me faz olhar sempre em frente e continuar a ser o que sou. E aqui estou eu, para o que der e vier»

 

Maria Lua

 

publicado por MariaLua às 19:42
Quarta-feira, 11 / 02 / 04

"AQUELE LUIS" ...

 

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Esta coisa dos "Blogs" tem mais do que se lhe diga! :) Descobri ontem no meu e-mail uma mensagem de alguém que escreve de uma maneira tão fantástica e sentida que me deixou realmente bastante sensibilizada! Por esse motivo recomendo VIVAMENTE a vossa visita ao seu blog:

 

http://1000euma.blogspot.com

 

Obrigada Luis!!!

 

Maria Lua

 

publicado por MariaLua às 11:58
Quarta-feira, 11 / 02 / 04

Um Contador

 

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"Contador de Histórias é aquele que cria, é aquele que empresta o corpo, a voz e a alma para dar vida a mais uma nova história.
O contador é aquele que preserva a história e não a deixa morrer"

 

 

                                                         É muito importante acordarmos o narrador que vive dentro do nosso peito!

                                                     

                                                         Maria Lua

 

publicado por MariaLua às 11:41
Terça-feira, 10 / 02 / 04

Outra alegoria da caverna

 

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"Eis finalmente a história do país Gruber, comecei eu. No país Gruber todos os habitantes dormiam de dia. Caíam no sono mal o sol começava a toar-se de vermelho e era um sono pesado, hipnótico, de uma peça só. Uma vez um homem foi acometido de uma doença inaudita chamada insónia. E por não conseguir dormir viu o dia, as cores dele, animais diurnos, sol em fogo, céu azul. Ao começo da noite, ia contando aos seus conterrâneos o que tinha visto de dia, as cores diversas de muitas das coisas, o aparecimento no céu de um astro esplendoroso. Boa parte dos cidadãos pronunciou-se pelo seu internamento na caverna dos loucos. Mas a maioria decidiu nomeá-lo Margrave dos contadores de histórias e assim ficou até ao resto da vida, de feira em feira. Assim terminei."

 

Mário de Carvalho, Bestiário

 

publicado por MariaLua às 16:04
Segunda-feira, 09 / 02 / 04

Mia Couto

mia_couto_nascer_da_terra.jpg "Era uma vez uma menina que pediu ao pai que fosse apanhar a lua para ela. O pai meteu-se num barco e remou para longe. Quando chegou á dobra do horizonte pôs-se em bicos de sonhos para alcançar as alturas. Segurou o astro com as duas mãos, com mil cuidados. O planeta era leve como uma bola. Quando ele puxou para arrancar aquele fruto do céu se escutou um rebenta mundo. A lua se estilhaçou em mil estrelinhações. O mar se encrespou, o barco se afundou, engolido num abismo. A praia se cobriu de prata, flocos de luar cobriram o areal. A menina se pôs a andar ao contrário em todas as direcções, para lá e para além, recolhendo os pedaços lunares".

 

Mia Couto In: Contos do Nascer da Terra - 1997

publicado por MariaLua às 16:22
Sexta-feira, 06 / 02 / 04

Comer doces engorda mesmo? (...)

 

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"Quero acreditar que é verdade e que ela é mesmo assim. Apoio-me nessa ideia para me sentir um pouco menos culpado do que fiz um dia a uma mulher. Tento fazer esta feliz e acreditar que tudo o que pensa de mim corresponde à realidade. É bom para o meu ego ouvi-la sonhar-me. E penso que por um motivo qualquer é bom para ela também senão não viveria tão entusiasmada com a minha pessoa. Enquanto falamos fico assim parado no tempo e no espaço a ouvi-la propor-se preencher os buracos negros da minha alma e a tentar acreditar que a minha essência está mesmo a rodopiar e sou adolescente outra vez com muitos sonhos e momentos para viver. Mas é só naquele momento. Quando ela parte esqueço. Vivo a mesma rotina. Acho que ela quer que a recorde sempre, que pense nela. É pretensiosa, mas é engraçada, louca, e ás vezes divina. Seres perfeitos não existem. Existem palavras bonitas e ilusões de realidades felizes. Navego nela e nas suas palavras que me acalentam a alma e fazem voltar a querer sonhar, a querer viver. E que inconscientemente me fazem crer em mim novamente. Um anjo virtual? Um sonho? Pode ser. Mas ela tem um nome e vive (Iludida com um sonho qualquer que também não deu certo). Não me apetece vê-la nem ouvir a sua voz. Prefiro ficar com esta ilusão doce do que sinto que ela é. E viver na ânsia da espera. Sempre me diz que na vida nada acontece por acaso. Que se nos conhecemos é porque temos um sonho comum a partilhar. Não a entendo bem... acho que quando diz isso não está a falar de um relacionamento. Mas de partilha e complementaridade humana. Fala-me de magia e de momentos felizes. Deixo-me levar e sonho. Acho-a diferente e doce. Morre de medo de prisões e jaulas. E eu dava tudo para ficar preso outra vez... Já passou tanto tempo. Mas a dor continua. Tento supera-la procurando desesperadamente encontrar bocadinhos dela noutras pessoas e recordar o que de bom tivemos. Jurei a mim próprio nunca mais me deixar enfeitiçar. É como uma fobia, um medo de errar de novo. É daí que vêem os vazios. Guardo secretamente a esperança de um dia voltar a ter esse alguém nos meus braços outra vez e despertar de novo para os seus sorrisos. Mas confesso: Ela toca-me a alma. Faz-me sorrir. E eu há tanto tempo que não tinha vontade de sorrir. No entanto, quero vive-la e recorda-la só assim... como algo etéreo e esvoaçante ou mesmo um veludo suave que me desperta os sentidos e as emoções e me faz sorrir: Sorrir muito!"

 

 

Maria Lua

 

publicado por MariaLua às 10:29
Quinta-feira, 05 / 02 / 04

Mãe Genoveva

 

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Todas as tardes ela vinha com o cesto da costura para o sol do corredor, se a tarde era de Inverno, ou para a sombra da figueira, se era nos calores do Verão. Ali estava agora, direita ainda, frente ao vento da tarde funda de Agosto, um vento largo e calmo de céu e de montanha. Mas tão grande era a certeza de sossego à sua volta, tão aberta de paz e de sinal, que a cabeça lhe tombou para o tronco da figueira e as mãos e os olhos se entregaram à uncão de uma morte merecida. Quanto tempo? Abriu os olhos e sentiu-se verdadeira no seu corpo fatigado, como fora verdadeira toda a dor que conquistara. - Mãe Genoveva! Há quanto tempo? Um dia, ele voltara da fábrica mais cedo que de costume. Tinha as mãos certas, o olhar certo, uma certeza tão presente em todo o seu corpo forte, que era quase como se não tivesse um destino. Assim Genoveva o foi esperar ao limite mais extremo da sua confiança, serena, branca e loura, alta e loura como a glória. E tendo-se apenas fitado longamente um ao outro, reconheceram-se por detrás da sucessão dos séculos, húmidos de origem, infindáveis de apelo, como tocados, para sempre, de um esquecido indício divino. - Vicente! Depois veio o Inverno e a baba do vento e as noites sem fundo como o capuz de um condenado. A montanha espadaúda combateu brutamente contra o céu, caíram sobre o mundo tumultos de trovoadas, chuvas e nevoeiros esmagaram a terra de pavor. Mas havia para Genoveva, no centro de tudo isso, uma oculta defesa, não bem contra o perigo do céu e da montanha, não bem contra o terror do mistério, mas contra uma pálida suspeita de morte, que se alongava pelas noites solitárias. Vicente dizia-lhe que uma nova fiacão ia ser posta a trabalhar ou que se falava em aumentar a féria, ou até mesmo que sentia o corpo fatigado. E tudo isto, saído da sua boca, era tão forte de perfeicão e de verdade, tão como o bafo quente de quem nos aconchega a roupa, que o mais era a memória de um pesadelo morto. Assim, como toda a sua vida falava de promessa e de futuro, quando depois do Inverno voltou a Primavera e, depois da Primavera e do Verão, o Outono lhes trouxe um filho, ela não se surpeendeu. Só o marido pareceu embaraçado de medo e deslumbramento, diante de um prodígio maior do que ele e que, no entanto, incrivelmente, tinha o destino do seu sangue e sua raça. Ou talvez que nesse olhar longo e calado em que envolvera o filho, ele quisesse apenas trasvasar-lhe tudo quanto julgava não lhe ter dado ao nascer; porque, dez dias depois, o correão do tambor das cardas apanhava-o pelo casaco e arremessava-o contra os caibros do tecto. Três vezes o corpo desconjuntado de Vicente atravessou o espaço, três vezes os companheiros clamaram sobre o estrépito das máquinas. Quando, por fim, alguém parou o motor, Vicente foi desprendido da correia e deitado em silêncio no chão. Tinha os ossos todos britados, o corpo numa papa sangrenta. E tão desfigurado de tortura e de sangue, que os companheiros não ousavam reconhecê-lo nem tocá-lo. Só as mãos seguras da mulher, tão certas como se as não comandasse, conheciam o lugar da sua boca, dos seus olhos e do seu olhar. E pousando-as longamente naquela face destruída, aí as esqueceu, confraternizando com o sangue, como se esperasse que Vicente adormecesse enfim, ou que ela fosse investida, de algum modo, numa parte daquele sofrimento. Depois partiu dali desvairada, atirada num grito, e precipitou-se, com um ciúme assassino, sobre o filho que era seu. E subjugada pela voz absoluta da morte e da criacão, o amor ao filho grudava-a a si própria, atirava-a contra o futuro como uma força escura da terra. Só três meses depois, corroída de cansaço, consentiu que um senhor que lhe viera pôr na mesa um envelope fechado, lhe levasse o filho, o registasse, o baptizasse e lho trouxesse, enfim, com o nome inteiro do pai. Só depois consentiu que a vida recomeçasse. Já o vasto silêncio do Inverno caía de novo sobre a aldeia e o vale. Era agora uma lúcida aridez de prados de gelo, uma alegria mortal de longas neves, como a inocência de um cadáver de criança em urna branca, era o sol rápido e triste, os cavernosos urros da tormenta. Mas agora tudo clamava, duramente, pela angústia de Genoveva, perseguindo-lhe os dias e as noites. E umas vezes chorando sobre o filho, com o desespero de um amor impotente e desgraçado, investindo, outras vezes, de coragem alta, contra o ódio da morte, a promessa renasceu-lhe finalmente no coracão. Contava os dias nos segundos, pelo esforço dos trabalhos avulsos - casas lavadas, carregos, sol a sol no campo - com o suor da sua entrega pedido a cada parte de si. Mas, repentinamente, a virgindade de um mundo nasceu em roda do filho. Com uma voz que já não era a dela nem a do silêncio indefeso da criança, surgiu um dia, ali, diante de si, na certeza irrevogável dos muros negros da casa, a enorme verdade de um ser que falava, que pedia, que pensava. De si até ao filho, ia agora o milagre de uma fraternidade nova, ia quase uma surpresa de dois ausentes que se encontram, como aquela que Genoveva sentira em face do marido, quando reconheceu que o amava. Com um espanto que nunca supusera, ela via crescer, à sua face, o prodígio de um deus que impetuosamente recriava a terra e os céus. O pequeno dizia "mãe", "pão", "lua", e a lua e o pão e ela própria existiam realmente, levantavam-se para a vida pela primeira vez, ou surgiam tão diferentes e tão novos que era como se só então tivessem sido criados. Porque a lua era o apelo de uma inocência inteira, e não um cansaço do fim; o pão, apenas uma forma que se cumpre, e não um ódio necessário; e tão nova era agora nela a verdade de ser mãe, porque tão-só ela e tão a medo até agora o soubera, que Genoveva se curvou de humildade e gratidão, diante de si e do filho, como um mistério de uma vontade divina anunciada.

 

Virgilio Ferreira

 

publicado por MariaLua às 15:51
Quarta-feira, 04 / 02 / 04

Deixar falar a Sophia

 

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As pessoas sensíveis As pessoas sensíveis não são capazes De matar galinhas Porém são capazes De comer galinhas O dinheiro cheira a pobre e cheira À roupa do seu corpo Aquela roupa do seu corpo Que depois da chuva secou sobre o corpo Porque não tinham outra Porque cheira a pobre e cheira A roupa Que depois do suor não foi lavada Porque não tinham outra "Ganharás o pão com o suor do teu rosto" assim nos foi imposto e não: "Com o suor dos outros ganharás o pão" Ó vendilhões do templo Ó construtores Das grandes estátuas balofas e pesadas Ó cheios de devoção e de proveito Perdoai-lhes Senhor Porque eles sabem o que fazem

 

 

Sophia de Mello Breyner Andresen, Livro Sexto

 

publicado por MariaLua às 14:51
Terça-feira, 03 / 02 / 04

PARAISOS, FADAS E MAGIA DA VERDADEIRA... (A Ed)

 

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 Foto de:Nuno torres

 

 

 

 

Conheci-a é verdade..toca-me profundamente. Vive a vida como se fosse um toque de magia. Acredita nessa magia com uma energia tal que cativa quem com ela se cruza. E depois, vive com uma intensidade tal que sem querer acaba por nos arrastar. Quando a conheci estava a passar uma fase menos boa, encontrava-me à procura de respostas. Vivia em função do passado e de alguns sonhos do futuro. Não tinha tempo presente entendem? Ela (re)mostrou-me algumas partes da minha alma que são muito lindas e que quase havia esquecido. Afinal, os príncipes e princesas dos castelos com toda aquela mitologia que os rodeia existem mesmo. Se calhar são a única coisa que existe de verdade. Só que hoje em dia se disfarçam, tem medo de se tornar pirosos. Gostam de ser originais e usam jeans de marca e coisas diferentes... mas esqueceram-se de lhes mudar as almas e por isso sentem da mesma forma. São assim almas antigas a viver em corpos novos. É verdade, sinto-me perdido. Isto de ser homem tem mais que se lhe diga. Se fosse mulher poderia chorar nos braços de um homem suficientemente forte e másculo que me diria palavras bonitas e eu ficaria melhor. Mas sou homem. A sociedade robotizou-nos e escreveu (não sei bem onde) que nós temos de ser o sexo forte e ficar sempre bem e não chorar. Ás vezes apetece-me chorar. E choro. Mas sozinho. Guardo-me no meu mundo interior e penso em coisas que gostava de fazer e não fiz, em coisas que gostava de ter e não tive. Uma família por exemplo. Vivo procurando-me nas famílias dos outros. Tentando encontrar o que me falta. Nunca fui muito feliz com a minha própria família.. senti-me sempre a crescer à parte, nunca vi beijos ou abraços ternos e palavras ditas ao luar. Só negro. Muito negro. E conversas vazias afiadas como facas e agressões e dores. Era como se todos vivessem de costas uns para os outros. E isso traz-nos solidões e vontade de partir sem rumo. Às vezes o importante não é o dinheiro, mas sentir.. de que me serviu ter dinheiro se não sentia nada? Era como ter à minha frente o meu prato predilecto e come-lo sem sentir qualquer sabor. Aprendi a viver sozinho. Acho que esse facto trouxe-me a capacidade de sonhar e de recriar as realidades embora por vezes o chamado mundo real me magoe e assuste um pouco. Não me sinto bem quando as pessoas me enaltecem. Sinto-me inseguro. Mas isso são outras histórias. No fundo gostava de exteriormente ter um "eu" tão belo como interiormente. Mas que se lixe. Ela a tal (que não sei se existe) um dia er-me-á como sou. Encontro-a realmente muitas vezes. Mas em muitas mulheres, todas elas tem um bocadinho do que sonhei para mim. Por isso não me prendo. Sigo. E vou sentindo-as e sorrindo-lhe tentando pôr-lhes dentro um pouco de mim, cativando-as para dessa forma me sentir melhor comigo mesmo. Sou assim. Inseguro, indeciso.. sempre com medo de magoar. Fico sempre sem saber até onde posso ir. E condicionado ás minhas próprias limitações. Sou complicado é verdade. Mas com uma vontade muito grande de ser, de sentir. De ir. E que ninguém me peça para ficar. Porque tenho medo. No entanto sei que ela será sempre um pouco do meu sol e que mesmo que a perca encontra-la-ei muitas vezes nas minhas viagens solitárias sobre o silêncio das nuvens (sitio onde ambos gostamos muito de planar.. de flutuar.. de fluir..) e sei também que com ela será sempre como a diz a canção da Mafalda: - Sei de cor cada lugar teu atado em mim a cada lugar meu- Por isso, mesmo que nos percamos um dia, encontrar-nos-emos.. Eu sei.

 

Maria Lua

publicado por MariaLua às 18:28
Este é o lugar dos Contos e das imagens. Aqui estará SEMPRE no mundo da "Lua" onde é obrigatório SENTIR. Seja bem Vindo!

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